quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sob a sombra do pássaro

Poema presente como epígrafe no livro Através do Espelho. A poetisa, na época em que o escreveu tinha 16 anos, quando já contava em seu repertório mais de 200 poemas. Hoje não tenho muito o que postar.

Joy is a butterfly
Fluttering low over the earth,
But sorrow is a bird
With big, strong wings.
They lift you high above life
Flowing below in sunlight and growth.
The bird of sorrow flies high
to where the angles of grief keep watch
over death'S lair.


Edith Södergran (1892-1923), 16 anos, de seu diário.


Tradução por Isa Mara Lando:

A alegria é uma borboleta
Voando sobre a face da terra,
Mas a tristeza é um pássaro
De grandes asas negras
Que nos erguem muito acima da vida.
Lá embaixo, à luz do sol, a vida flui, tudo cresce.
O pássaro da tristeza, porém, voa bem alto,
Lá onde velam os anjos da dor
Sobre o covil da morte.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O problema da mentira

A mentira, em si, não envolve apenas a questão da confiança e da credibilidade. Mentiras e mais mentiras criam um universo muito real: o das atenções redobradas.
O mentiroso conhece suas limitações. Ou pelo menos deveria.
Quem mente tem de se próprio policiar incansavelmente. Tem, claro, pouca credibilidade, estima e admiração dos outros. E simplesmente vive em companhia ao medo. Segreda com ele todas as noites antes de dormir - e dorme mal. Escondem-se sob o mesmo máculo manto do silêncio e usam a máscara da crítica ao comportamento alheio como fantasia predileta. Enquanto se focam a falar mal dos outros, pensam que ninguém lembra de seus defeitos. Ledo engano. Isso só confirma a superficialidade que lhes reveste.
Não que eu repudie qualquer tipo de mentira, mas primo sempre pela verdade. Eu sei e todo mundo sabe que às vezes ela realmente nos abala. Mas ficar com a "versão do consolo", afinal, serve de quê?
Quem já deu algumas mentidas ou mesmo omitiu alguns fatos sabe a situação desconfortável e sem saídas em que se colocam. E eu claro, não fujo dessa realidade.
Há fatos e fatos. E somente fatos. Mas somos nós que os carregamos de propósitos, de moralidade e de sentimentalismos. Ora, porque somos humanos!
Eu, nos meus dilemas entre o dizer e o não dizer, me decidi a não omitir, sempre que achar que faz muita diferença esconder os fatos. Eu sei que com isso ainda vou ouvir muita coisa a contragosto. Mas sinceramente, não tem perda maior que não deixar as coisas acontecerem da forma mais agradável possível. Cada mentira (ou omissão) é uma ruptura da normalidade, da fluidez dos fatos. E já que tudo são fatos, deixemos que fluam.
A vergonha não está em quem a timidez ultrapassa os bons modos: olhar nos olhos enquanto com o outro se fala. A vergonha está em ter motivos reprováveis para não o fazer: é difícil encarar quando se está mentindo.
No final das contas, chega-se à conclusão de que mentira alguma é bem-vinda. Algumas são toleráveis, é verdade. Eu jamais teria coragem de dizer a um mendicante que não lhe dou esmolas porque não quero. Minto, simplesmente: "não tenho trocado".
Mas abrir brechas é uma questão bastante complicada. Começa-se com uma "exceçãozinha" e logo as exceções viram as regras. É bom estabelecer limites para tudo.
O grande mentiroso também pode estabelecer limites. Uma hora ele vai sim se dar mal. A limitação depende somente do quanto ele se importa com isso. Perdoem-me, depende só do quanto ele quer se "ferrar".
Dá para se pensar assim: se incomoda no inconsciente mentir, é porque não se deve mentir. Se o caso, no entanto, deveria incomodar, mas não incomoda, creio que a questão fuja bastante do assunto. Não se trata de ser mentiroso. Trata-se de um outro comportamento. Não sei se existem graus de moralidade. Mas vejo isso como algo que transcende a imoralidade da mentira. Seja qual for o nome para esse indiferente calunioso.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Saudade

E tem gente que ainda não consegue admirar a língua que fala (nosso lindo português).
A matéria é antiga (2004), mas creio que deva continuar válida.

Saudade "é a 7ª palavra mais difícil de traduzir"
da BBC, em Londres

Uma lista compilada por uma empresa britânica com as opiniões de mil tradutores profissionais coloca a palavra "saudade", em português, como a sétima mais difícil do mundo para se traduzir.

A relação da empresa Today Translations é encabeçada por uma palavra do idioma africano Tshiluba, falando no sudoeste da República Democrática do Congo: "ilunga".

"Ilunga" significa "uma pessoa que está disposta a perdoar quaisquer maus-tratos pela primeira vez, a tolerar o mesmo pela segunda vez, mas nunca pela terceira vez".

Em segundo lugar ficou a palavra "shlimazi", em ídiche (língua germânica falada por judeus, especialmente na Europa central e oriental), que significa "uma pessoa cronicamente azarada"; e em terceiro, "radioukacz", em polonês, que significa "uma pessoa que trabalhou como telegrafista para os movimentos de resistência ao domínio soviético nos países da antiga Cortina de Ferro".

*Contexto cultural *

Segundo a diretora da Today Translations, Jurga Ziliskiene, embora as definições acima sejam aparentemente precisas, o problema para o tradutor é refletir, com outras palavras, as referências à cultura local que os vocábulos originais carregam.

"Provavelmente você pode olhar no dicionário e [...] encontrar o significado", disse. "Mas, mais importante que isso, são as experiências culturais [...] e a ênfase cultural das palavras."

Veja a lista completa das dez palavras consideradas de mais difícil tradução:

1. "Ilunga" (tshiluba) - uma pessoa que está disposta a perdoar quaisquer maus-tratos pela primeira vez, a tolerar o mesmo pela segunda vez, mas nunca pela terceira vez.

2. "Shlimazl" (ídiche) - uma pessoa cronicamente azarada.

3. "Radioukacz" (polonês) - pessoa que trabalhou como telegrafista para os movimentos de resistência o domínio soviético nos países da antiga Cortina de Ferro.

4. "Naa" (japonês) - palavra usada apenas em uma região do país para enfatizar declarações ou concordar com alguém.

5. "Altahmam" (árabe) - um tipo de tristeza profunda.

6. "Gezellig" (holandês) - aconchegante.

7. Saudade (português) - sentimento nostálgico, sentir falta de alguma coisa ou alguém (o significado não é consensual).

8. "Selathirupavar" (tâmil, língua falada no sul da Índia) - palavra usada para definir um certo tipo de ausência não-autorizada frente a deveres.

9. "Pochemuchka" (russo) - uma pessoa que faz perguntas demais.

10. "Klloshar" (albanês) - perdedor.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Que pretendemos nós?

Que o mundo dá voltas ninguém duvida. Mas com tanto tempo correndo assim, será que os jovens continuam os mesmos?
Não que eu seja contrária a mudanças, mas certos valores jamais devem ser perdidos. Resumo tudo numa frase: pai e mãe são sempre pai e mãe, e devemos respeito a eles por toda nossa vida. Mas, bem ao contrário dessa idéia, parece que às vezes o mundo se perde. Filhos matando pais por dinheiro (e o inverso também, nem se o diga, mas como jovem, abordo na perspectiva de minha geração), que não sabem mais conversar com eles, que morrem de vergonha deles, que os ignoram, que perderam qualquer tipo de respeito mesmo.
Furtando-me um pouco do pensamento de Mark Bauerlein, mas sem dimensionar especificamente para os "estragos da era digital", concordo que os filhos estão perdendo muito deixando de ter momentos pessoais e momentos em família.
Conto-lhes uma historinha.


Ainda de pouca idade, o menino sobre sua bicicleta andava pelas ruas de sua cidadezinha, cujo nome me escapa à memória. Era uma das pequenas cidades próximas a San Pedro de Atacama, no Chile.
Fato curioso foi o menino ter cruzado a vista de três pessoas ao mesmo tempo, minha, de minha mãe e de meu irmão, a quem a foto do post pertence.
Nossa atenção voltada a ele foi tão grande que o acompanhamos até que houvesse o rompimento de nossa expectativa.
Naquele dia me senti como quando pegamos um jornal e damos uma olhada nas tirinhas. Você passa pelo primeiro quadrinho, o fato começa a ser narrado visualmente, ou até com a ajuda dos diálogos; segundo quadrinho uma evolução esperada do primeiro; e o terceiro, aquela quebra súbita causada no leitor.
O garoto, não sei por qual razão (freio quebrado, desconhecimento de seu uso), utilizou-se de um meio um tanto inusitado para parar sua bicicleta. Nada de pôr os pés no chão. Escolheu um bom muro (e lá os muros são verdadeiros empilhados rústicos de tijolos feitos de terra e palha, cujo nome é "adobe"), diminuiu a velocidade parando de mexer os pés sobre os pedais, e o pneu encontrou a colisão certa.
Nós três demos uma risada uníssona, já que simultânea, e foi impossível evitar qualquer tipo de comentário.
Depois, já esquecidos do assunto, encontrávamo-nos dentro do carro, prontos para o próximo ponto turístico, outra localidade. Eis que o menino nos cruza a passagem novamente.
Voltava ele com uma sacolinha pendurada no guidão.
O garoto podia bem ter acabado de fazer a compra especial do mês, com aquele dinheirinho que guardou por um bom tempo, já planejando exatamente em que iria gastá-lo. Ou então, numa segunda hipótese - cuja versão me faz bem acreditar - com todo o amor que devia receber em sua casa - humilde mas provavelmente rica em carinho - foi mais um daqueles favores que o filho faz pela mãe, indo ao mercadinho comprar frente à irresistível solicitação e uma bela oportunidade de fazer o bom e velho papel de filho querido - já meio esquecido nas grandes urbanizações.





Simples narração minha, que gosto de contar para mostrar a simplicidade que ainda existe na humanidade.
A pergunta que não quer calar é: onde estão os muros que vamos escolher para freiar nossos comportamentos sem limites? Que coisa é essa (e chamo de coisa mesmo) que silenciosamente nos tira do âmbito familiar, nos tira os momentos de conversa, aquela, entre pai e filho? Essa coisa invisível que faz tudo perder sentido. Afinal, quem pretendemos ser de verdade? Um falso cognato cairia bem aqui. O verbo "pretend", do inglês, poderia substituir perfeitamente minha interrogativa, sem fazer perder a ironia que lhe assim quis. Quem nós fingimos ser? E completo: e para quem fingimos ser?
Enquanto nós mesmos não escolhermos a parede para nossos freios, ela mesmo irá surgir, como "uma pedra no meio do caminho", já bem notara Carlos Drummond de Andrade.
Qual será não sei responder. Mas ela sempre aparece.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Reabertura do Blog

Sendo hoje uma data muito especial, elegi-a como data de reabertura do blog, até porque, já estava na hora de retomar as rédeas, e desenvolver um pouco mais minhas ideias.
Durante o tempo em que o Blog esteve fechado, ganhou mais um link (O caderno do Saramago), mas infelizmente, depois de muito mexer e remexer, o visual foi mantido.
Para a "celebração" do reinício de minhas exposições, um poema de Alberto Caeiro:

Antes o voo

Antes o voo da ave, que passa e não deixa rastro,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar não é ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!

Que instauremos, então, um verdadeiro NOVO começo! Bem-vindos novamente!

sábado, 30 de agosto de 2008

O abrir portas

Esses dias uma amiga minha me contou um fato que me deixou bastante empolgada com as relações humanas. É verdade que muitas são péssimas e queremos manter afastadas de nós. Mas... será que não é sempre bem-vindo um alguém que tenha confiança em nosso potencial?
Pois é. Um professor dela apostou com a turma toda que mudaria ela dentro de um determinado tempo. Ela é uma ótima pessoa, e como eu, bastante tímida. No caso dela, ela teve a sorte de ter alguém que se dispusesse a dar um crédito ao seu potencial. No meu caso, conto com algumas pessoas queridas também. Em homenagem a minha grande amiga e a todos que nos apoiam, um conto. O título é o mesmo do post. Muito obrigada!!! Boa leitura!

Ela entrou na sala, queixo quase ao peito, timidamente espiando o piso para não tropeçar e fazer feio. Era seu primeiro dia de trabalho naquele local, e não aguentaria fortes gargalhadas logo no início.
O diretor então ofereceu-lhe a cadeira e ela se sentou, aparentemente pouco confortada no assento. E nem conseguiu desvencilhar seus braços da bolsa, que apertava com vontade contra o corpo.
- Muito bem, Srta. Hoje é sua inauguração como secretária deste setor. Sabe que a contratei pelo impressionante currículo. Nossa secretária, do departamento de relações havia me informado quanto a seu perfil um tanto... reservado. Mas ela me garantiu que a srta. daria conta do recado. Agora, perdoe-me minha informalidade. Cá entre nós, a srta. acha que consegue mesmo dar conta? É que... percebi, é muito mais introvertida do que imaginava.
- Hum... - ela assentiu, meio perdida ainda com a postura de "conversa franca" do diretor. Pensou um pouco antes de dizer qualquer coisa, mas finalmente disse, já que ele parecia ansiar por uma resposta que contivesse mais de três palavras. - É verdade, senhor. Sou bastante tímida. Sim, tímida. Acho que essa seja a palavra mais adequada.
- O diretor, apesar do rumo que a conversa parecia tomar, era uma pessoa bastante flexível e às vezes, podia-se dizer, sensível. Corrigindo seu comportamento, falou-lhe:
- Bem, todo mundo é tímido de alguma forma. A srta. bem vê... há aqueles que morrem de vergonha de chamarem atenção. Mas nessa mesma linha de raciocínio, penso que todos aqueles que adoram chamar atenção têm um pavor intenso de não chamarem atenção.
- É verdade, senhor. Penso dessa forma. Mas na minha opinião, todas estas últimas pessoas a que o senhor se referiu estão um nível acima de mim. - Pôde então dizer, gaguejando algumas vezes, no entanto.
- Talvez - um novo ar de impiedade ressurgiu.
Maior verdade lhes afirmo. O silêncio se alastra rapidamente quando um não quer nada mais dizer e o outro não sabe bem o que dizer. E assim permaneceram por curto tempo, mas suficiente para constrangê-la.
Havia porém algo que lhe passou a semana toda pela cabeça, antes mesmo de ingressar na sala de entrevista. E ela queria dividir essa ideia com o diretor como uma forma de agradecimento.
Começou já nas reticências:
-Senhor... - e esperou ele mostrar audiência.
O diretor apenas lhe fitou brandamente, com um sorriso bastante natural, sem chegar a esticar demais a face.
Ela, ciente de seu interesse, continuou:
- Sei que sou uma pessoa bastante tímida. Sei também que quero mudar um pouco isso. Acho que grandes mudanças são resultados de duas grandes ações. - E parou, esperando que o diretor lhe perguntasse quais eram essas ações.
- Hum - ele somente exteriorizou.
- Que são: a vontade de mudar e uma bela oportunidade. A primeira veio de mim. E vem há tempos, desde que me sei por gente. A segunda veio do senhor. Nesse caso, o senhor abriu uma porta para uma bela transformação. Muito obrigada. Farei bem meu serviço.
E satisfeita, ergueu-se. Pediu licença e se retirou para sua sala.
O diretor continuou sentando, dessa vez apoiando o cotovelo direito sobre o braço da cadeira e alisando o bigode. Passado um tempo, sorriu sozinho em sua sala. E lembrou que um dia fora também um garoto com uma vontade na mão e uma bela oportunidade na outra. Alegrou-se em poder retribuir. E finalmente disse a si mesmo, pensando alto:
- E não é que ela dá conta mesmo?!


por Isa Ueda



quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Feminismo? Que nada!

Quem já não cansou a mente relembrando as memoráveis histórias infantis em que havia uma rainha mandona e um rei sempre pronto para sua submissão?
O caso mais exemplar que posso citar é no desenho da versão "disneyniana", Alice no país das maravilhas. Uma rainha que não podia ser contrariada, e um rei frouxo, digamos, pra não chamá-lo ingênuo ou tonto.
A imagem que consta ao lado é exatamente de Alice no país das Maravilhas, mas do livro de L. Carrol.
A grande questão é: até no jogo de xadrez surge essa grande sobreposição da rainha frente ao rei. Afinal, a rainha anda mais que o rei, embora sua ausência do tabuleiro não implique necessariamente uma vitória (ou derrota, pra quem tem sempre a perspectiva do perdedor ou mesmo negativista) certa.
Feminismo está totalmente fora de cogitação.
A ideia mais plausível que li até hoje encontra-se em O Homem que calculava, de Malba Tahan. Em seu capítulo XVI é narrado a lenda sobre a origem do xadrez. Deixo-lhes alguns trechos:

Difícil será descobrir, dada a incerteza dos documentos antigos, a época precisa em que viveu e reinou na Índia um príncipe chamado Iadava, senhor da província da Taligana. Fora, porém, injusto ocultar que o nome desse monarca vem sendo apontado por vários historiadores hindus como um dos soberanos mais ricos e generosos de seu tempo.
[...]
O rei Iadava possuía - pelo que nos revela a crítica dos historiadores - invulgar talento para a arte militar; sereno em face da invasão iminente, elaborou um plano de batalha, e tão hábil e feliz foi em executá-lo que logrou vencer e aniquilar por completo os pérfidos perturbadores da paz do seu reino.
O triunfo sobre os fanáticos de Varangul custou-lhe, infelizmente, pesados sacrifícios: [...] lá ficou no campo de combate o príncipe Adjamir, filho do rei Iadava, que patrioticamente se sacrificou, no mais aceso da refrega, para salvar a posição que deu aos seus a vitória final.
[...]
- Meu nome - respondeu o jovem brâmane - é Lahur Sessa [...] Deliberei, pois, inventar um jogo que o pudesse distrair e abrir em seu coração as portas de novas alegrias. É esse o desvalioso presente que desejo neste momento oferecer ao nosso rei Iadava.
E explicado a seguir a função de casa peça do jogo o rei indaga:
- E por que é a rainha mais forte e mais poderosa que o próprio rei?
- Mais poderosa - argumentou Sessa - porque a rainha representa, nesse jogo, o patriotismo do povo. A maior força do trono reside principalmente na exaltação de seus súditos. Como poderia o rei resistir ao ataque dos adversários se não contasse com o espírito de abnegação e sacrifício daqueles que o cercam e zelam pela integridade da pátria?
E, após fazer o teste, jogando, chega o rei à conclusão:
Não creio que o engenho humano possa produzir maravilha comparável a este jogo interessante e instrutivo! Movendo essas tão simples peças, aprendi que um rei nada vale sem o auxílio e a dedicação constante de seus súditos. E que às vezes o sacrifício de um simples peão vale mais, para a vitória, do que a perda de uma poderosa peça.

Pois é, eu achei bastante interessante isso. Nada de feminismo. Nesses trechos encontrei um equilíbrio necessário. A rainha mais poderosa no sentido de uma força maior de mobilidade. Mas é exatamente sua ação constante, juntamente a seus súditos que permite ao rei, encravado em seu trono, exercer sua figura de protegido, de admiração por um povo que se sacrifica por ele.
A conclusão aqui é minha. E fecho pensando da seguinte forma. Se o rei andasse tanto quanto a rainha, não daria a ideia de um reino propriamente dito. Afinal, um rei que se locomova a torto e direito não parece estar assim tão preocupado com seu reino. E se à rainha fosse determinada ficar tão mobilizada quanto o rei, seria um verdadeiro machismo permitir que o jogo não acabasse se o opositor lhe comesse (risos, tá vendo o equilíbrio agora?). Realmente, considero o xadrez o jogo mais perfeito do mundo!

sábado, 23 de agosto de 2008

Lição do Calvin

Post leve o de hoje, já que Sábado pra mim é dia pra ser light, pelo menos depois do meio dia :P


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Eu a-do-ro essa tirinha! É um jeito bem Calvin de ser, se é que se pode assim dizer. Sinceramente, me leva a pensar muito nesse verso de Mário Quintana:


[Do Estilo]

"O estilo é uma dificuldade de expressão".

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Para refletir I

Em Março de 1983, Marinella García Villas foi assassinada pelos militares na república centro-americana de El Salvador. Fazia vários anos que as forças do governo e os guerrilheiros rebeldes travavam uma feroz guerra civil. Durante essa guerra, uma facção do Exército, juntamente com extremistas, havia raptado e assassinado milhares de pessoas. A jovem advogada Marinella formou um comitê de direitos humanos para investigar casos de desaparecimento e tortura. Em decorrência, acabou indo para a "lista negra" dos terroristas. Ela sabia que sua vida corria perigo.
[...]
No início de 1983, ela visitou uma das zonas de guerra, numa missão de Comitê de Direitos Humanos. Ela nunca mais voltou. Porém, uma carta que escreveu em 1980 nos conta qual era o impulso que a movia:

Eu luto pela vida: um trabalho real, que vale a pena. Não tenho nenhum desejo de morrer, mas já vivi tão perto da morte e de suas consequências que a vejo agora como algo natural. Todos nós devemos morrer um dia, mas a morte sempre virá cedo demais para o homem ou a mulher que tem uma intensa sede de viver. Cada minuto que passa tem um significado, uma profundidade maior do que qualquer outra coisa, mesmo que pareça comum e rotineiro. Cada rajada de vento, cada canto da cigarra, cada revoada de pombos é como um poema.
Sei que os que trabalham pela justiça sempre terão o direito a seu lado e receberão a ajuda de Deus; estes irão pravalecer, e a verdade resplandecerá.
É melhor ser rico de espírito do que em bens materiais.

Será que precisamos enfrentar a morte cara a cara antes de podermos experimentar a vida? Será que precisamos ver nossas ideias e nossos ideais ameaçados e pisoteados para que possamos compreendê-los?
"Os que nunca vivem o momento presente são os que não vivem nunca - e o que dizer de você?", escreve o poeta dinamarquês Piet Hein, num de deus poemas. O pintor e escritor filandês Henrik Tikkanen expressa uma ideia semelhante na seguinte máxima, ou aforismo, que nos dá o que pensar: "A vida começa quando descobrimos que estamos vivos".


Até agora o que você leu faz parte da introdução de O livro das Religiões. A verdade é que vivo essas palavras, essa forma de pensar desde que me conheço como alguém. E embora muitas pessoas já tenham me dito que isso é uma forma de pensar muito senil, acredito que só assim é que se pode verdadeiramente viver. Acho que ninguém precisa passar por nenhuma experiência traumatizante, extremamente difícil ou que ponha sua vida em risco para passar a dar valor a ela. Infelizmente, a rotina faz passar batido essas ideias, e quando menos esperamos, um acidente de natureza qualquer nos põe a encarar o fato de que estamos vivos e precisamos viver. Mas precisa ser assim mesmo? Ou será que já não bastam as pequenas coisas? Já fiz esse tipo de questionamento num post anterior. Existem milhares de pessoas que sofrem todos os dias, sozinhas em seu leito, mas que continuam a amar a vida completamente. Existem outros milhares porém que cruzam as ruas das cidades movimentadas, correm o dia todo, e ainda não se descobriram verdadeiramente vivas, por isso digo que são pessoas mortas.
Como já bem dizia Fernando Pessoa: "Vive um momento com saudade dele".

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Se eu fechar meus olhos...

Continuando a história de uns bons posts atrás, falo-lhes novamente do j-drama 1 litro de lágrimas. Na verdade, para quem já leu, Ikeuchi Aya é uma jovem de 15 anos portadora da doença degeneração espinocerebelar. No caso dela (e é uma história verídica, cujo diário da garota deu origem tanto à série quanto ao livro, ambos homônimos) a evolução da doença progrediu rapidamente, com todos os sintomas se manifestando rapidamente. Os inconvenientes da doença são futura perda da fala, do caminhar, do comer (engolir) e uma série de funções óbvias ligadas ao movimento voluntário. Embora todas as ações fiquem mais lentas, o raciocínio da pessoa não é afetado, não havendo retardamento mental como muitas pessoas crêem.
O post, em verdade, é dedicado à linda canção 9 de Março (Sangatsu kokonoka), que Aya regeu como maestra em seus tempos colegiais. O vídeo retrata o momento em que Aya decide deixar o colégio para transferir-se a uma escola especial para deficientes. A decisão veio de Aya por escutar um dia seus colegas se queixando de como ela estava afetando o desempenho das aulas e dando trabalho aos colegas. A turma, depois de ouvir o discurso de despedida de Aya, sente aquela dor indescritível no peito (chamada arrependimento) e bem, o resto, está bem claro no vídeo.

Ah! Sim! O título do post vem da parte da canção que eu mais gosto, atentem para isso, ok?

"Se eu fechar meus olhos, você está atrás das minhas pálpebras... e quanto isso me fez ficar forte?"

Assistam, por favor!

domingo, 10 de agosto de 2008

Convivência

Saiu hoje, segundo Domingo de Agosto - Dia dos Pais - o seguinte texto, de minha autoria num dos jornais de minha cidade:


Nenhuma grande história para ser lançada como verdadeira metáfora. Apenas o convívio.
Confesso: não há nenhuma história maravilhosa para se contar. Lição de pai decorre de uma vida toda partilhada, e não de mero capítulo isolado da mesma.
Em todos meus inexperientes anos de vida, comparados aos de meu pai, aprendo a cada dia o que é ser, sobretudo, filha. Aprendo diariamente o conforto de um lar, o aconchego de poder dizer todos os dias: "estou em casa" – isto é, eu pertenço a este lugar.
Aprendo também a ser mais tolerante e compreensiva; de criar uma empatia, na maioria das vezes em relação a meu próprio pai. Por ser mulher, garanto que é muito mais difícil tentar compreender as coisas nessa ótica masculina e paterna. Mas, assim, genuinamente e sem segredos, ele me ensina ao menos a tentar entendê-lo.
Pois no final, a maior lição que poderia haver nessa coexistência toda é que: eu sou o espelho de seu comportamento. O rol de críticas que dirijo a ele cabe, ao mesmo tempo, perfeitamente a mim. E cada dia eu o amo e o compreendo mais. Afinal, aprendo a me ver como eu sou: sua filha.

Isa Ueda

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A tribute to an old friend

Sabe quando bate aquela saudade dos "recém-velhos" tempos? Sim, porque ainda sou nova para tanto saudosismo. Mas enfim. Eu sinto isso muitas vezes.

Hoje por exemplo, é aniversário (sim, mais um) de uma pessoa especial, que conheci nos meus anos de colegial. A afinidade musical foi nosso laço de união.
Hoje eu sei que ela já não curte mais o mesmo som do bom heavy-metal que nos fez o "shake hands" pela primeira vez. Talvez ela também já não faça mais as piadinhas que tanto me faziam rir e contar a todos o quanto ela era engraçada. Nem deve passar as noites varando na net batendo papo no melhor estilo "galera reunida".
O fato é que as pessoas deixam marcas e lembranças em nossas vidas.
Ela é uma garota talentosa. E fez um desenho meu (personalizadíssimo) que eu guardo até hoje com muito carinho.
Seja o que estiver passando pela vida dela, seja por onde ela esteja passando sua vida, queria deixar meus votos de felicidades para ela: Kammy-chan
Em homenagem, posto um desenho dela - inaugurando a tag Artes deste blog - que encontrei no Devianart, e que ela já havia me mostrado há alguns anos.





Fala sério, é ou não é uma artista?

Kammy, pelo seu dia, parabéns!!!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Um novo homem em casa

Data: 6 de Agosto. Bomba de Hiroshima? Também. Mas o boom mesmo (e me perdoem o trocadilho) veio no ano de 1990, quando um japonês com cara de mestiço nasceu. É, porque diziam que ele tinha olhos quase azuis, imensos. Isso eu já desconheço. Mãe quer sempre impressionar, pensando que no fundo ela sim está impressionada.
Mas pelas fotos que vi do pequeno nascido, realmente, ele era lindo.
Hoje ele se tornou o terceiro homem desta casa. Com 18 anos nas costas (e nos pés, braços, etc), meu irmão caçula é afirmativamente o cara mais estiloso que conheço. Com mil defeitos para detalhar e infinitas outras qualidades para não querer parar de contar, esse é o novo homem da casa.
Promessas de uma vida nova? Bem, tomando um pouco de suas funções, digo-lhes: um dia ele será um grande chef! Por ser um artista quase nato, tem mil habilidades manuais: faz os desenhos mais instigantes que já vi (um dia, com sua permissão, posto um), é também poeta, um fotógrafo bastante sensível, ótimo dançarino e o típico cara que manda bem em qualquer instrumento musical que resolva aprender a tocar e qualquer esporte que deseje praticar. Garanto que, com todas essas características, ele ainda será um verdadeiro sucesso.
Esses são meus votos de felicidade. Sei que você não os lerá (:P) mas tenho muito orgulho em dividir um pouco do que penso a seu respeito para o mundo.

Uma fotinho do artista:
Parabéns!!!

domingo, 3 de agosto de 2008

Quero voltar a ser eu

O post de hoje contém um pequeno trecho de O pescoço da girafa, por Max Nunes.
Tomei conhecimento deste texto no ano passado, durante uma aula de interpretação de textos do cursinho, cujo ingresso meu deu-se por uma bolsa adquirida, caso contrário não o teria em hipótese alguma frequentado.
O fato é que, sempre passando os olhos cuidadosamente pelos textos a que sou exposta (diariamente) algo sempre chama a atenção. Esse foi mais uma obra dessa fisgada discreta que tanto me faz gostar do mundo da escrita.
O nome do post é homônimo ao texto de Nunes. Boa Leitura!

Eu, que era eu – sim, porque eu já fui eu -, cheguei à triste conclusão de que não sou mais eu. Meu nome, que, por isso mesmo, já esqueci, não interessa a mais ninguém. Para um médico, por exemplo, sou apenas o cliente. Num restaurante, sou freguês. Quando alugo uma casa, viro inquilino. Na condução, passageiro. Nos correios, sou remetente. Num supermercado, consumidor. Para o imposto, sou contribuinte; com o prazo vencido, viro inadimplente. Para votar, sou eleitor; mas, num comício, sou massa.
Viajar? Viro turista. Na rua, caminhando, sou pedestre; se me atropelam, sou acidentado; no hospital, paciente; para os jornais, sou vítima. Se compro um livro, viro leitor; para o rádio sou ouvinte; para o Ibope, espectador; e, para o futebol, eu, que já fui torcedor, virei galera.
Já sei que, quando eu morrer, ninguém vai se lembrar do meu nome. Vão me chamar de “o finado”, “o extinto”, “o falecido”, e, em certos círculos, até de “o desencarnado”. Só espero que o padre, na missa de sétimo dia, não me chame de “o sucumbido”. Logo a mim, que, no meu apogeu, já fui mais eu.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A gramática anda mal?

Um dia aí perdido pelas férias já esgotadas, meu namorado me mostrou esse vídeo. Achei muito engraçado. Se o seu português anda bem, assista ao vídeo e divirta-se! Agora, se a piada ficar meio sem o porquê da graça... meu amigo, pegue uma gramática. Ainda há tempo!


sexta-feira, 25 de julho de 2008

Moda: bobagem aceitável

Eu não entendo NADA de moda. Mas acompanho as revistas mensais da Vogue, já que as
recebemos em casa na frequência de sua edição. E não escondo: por mais consumista que seja este mundo fashion, eu sou apaixonada pelos ensaios, pelas cores todas, pelos jogos de luz e todo o cenário (virtual ou não) em que as fotos são expostas. Em verdade, admiro o trabalho das grandes top models existentes por aí. Posso dizer que me parece uma forma de arte peculiar. Primeiro pela criatividade dos estilistas e suas habilidades manuais, segundo pelas próprias expressões das modelos. Li uma vez, na Vogue mesmo, que Carol Trentini era muito querida mesmo entre os produtores e fotógrafos, simplesmente porque era ela quem deixava as fotos ficarem maravilhosas. Pois, não importava o frio que estivesse, ela sempre conseguia sair linda e sorridente na foto. E realmente, quem vê as fotos não acredita nas adversidades que a top teve de enfrentar.
E concluindo minha ideia de arte, pelo talento dos fotógrafos e produtores (todos - dos maquiladores, dos cenógrafos) e também dos editores, inclusive os responsáveis pela distribuição das fotografias e os textos que as acompanham, dando um novo sabor à imagem já satisfatória.





Ok, esse glamour todo chega a enfeitiçar. São rótulos e rótulos nos tornando vitrines ambulantes das marcas que optamos. Mas, mais do que a marca em si, acho legal quem sabe se vestir de uma forma icônica, que a marque como sendo exatamente a pessoa que ela é, e não quem ela mostra ser ao mundo.
E tudo bem que de repente, ou frequentemente, nossa decisão seja a de pegar a primeira calça jeans e blusinha que virmos à nossa frente, jogada na cama. É bom aceitar-se saindo mundo afora com o espírito de "hoje me basta não sair nua".
Acho que a sacada da coisa está bem nisso mesmo: respeitar seu sentimento de querer se expor ou não aos outros ou como um verdadeiro parâmetro da moda, ou como um estiloso despreocupado com o que anda impresso nas páginas das fashion magazines, ou simplesmente querer esquecer pelo menos de vez em quando um pouco dessa bobagem toda tão contagiante.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Música: universal?

Escutando outro dia essa música com meu namorado, ele me disse algo com o qual sempre concordei: "isso prova que a música é uma linguagem universal".
Sim. Eu, descendente de japoneses, nasci cercada de um mundo onde todos da família soltam as vozes diante de um microfone - o famoso karaokê - inclusive os membros mais acanhados, peculiarmente, eu de novo! Então, uma canção ou outra em japonês, suuuper normal.
Já meu namorado, com inúmeras ascendências, exceto japonesa, mas ainda vivendo num Brasil bastante miscigenado e namorando uma típica amante do bom e velho karaokê, não está assim tão familiarizado com minhas canções.
A despeito de tudo isso, ele realmente curtiu a música! x)
É com essa mesma proposta que divido a música com vocês.
Infelizmente não encontrei o clipe original da música, mas postei a tradução aqui para quem não concordou de imediato comigo e teve de recorrer aos lyrics.




PARAÍSO

Todos sabem que as cicatrizes não desaparecem
Quanto tempo continuará?
Nós não precisamos de ninguém

Todos estão esperando o dia em que não haverá nenhuma luta
Soldados no campo da batalha:
Relembre o calor de suas mães agora

Neste amplo infinito mundo
seus próprios mapas são construídos
& vão caminhar, segurando suas lágrimas

Levante-se, Hey acorde
os leões dormindo algumas vezes
pois eles vão viver para amanhã

Todos estão segurando
uma única parte de amor
mesmo se você a odeia, nenhuma delas
pode ser carregada
Não precisamos desse tipo coisa
neste tempo limitado,
siga para um paraíso que você não pode ver ainda
Eles vão caminhar não importa quanto distante seja

Não olhe para trás, apenas se antecipe
Eles vão viver para o futuro
até que seus corpos apodressam em outro lugar

Relembre
o calor de suas mães agora
Siga para um paraíso que você não pode ver ainda
Neste amplo infinito mundo
Eles vão caminhar não importa quanto distante seja


P.S: peguei no seeklyrics.

domingo, 20 de julho de 2008

Agosto: navegando na leitura

Entre os dias 14 a 24 de Agosto acontecerá a 20ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Evento organizado pela CBL (Câmara Brasileira do Livro) a cada 2 anos, terá um maior investimento voltado às crianças e jovens, na faixa dos 5 aos 17 anos. E não é por menos. Segundo a OSCIP Instituto Pró-livro, a pesquisa realizada - Retratos da Leitura - mostra que além da faixa etária dos 30 a 49 anos e dos jovens entre 18 e 24 anos, outra faixa que se destaca é justamente a dos 5 aos 17 anos (Segundo Ibope: 39% dos 95,6 milhões de leitores de livros no Brasil estão entre os 5 e os 17 anos)*

Nesse link que foi passado, consta uma série (enorme) de dados, gráficos, tabelas comparativas, etc. Eu achei sinceramente impressionante.

O Brasil, apesar do alto índice de analfabetismo, sem dúvida tem expandido seu número de leitores. Surpreendeu-me a taxa de 35% do seguinte gráfico:

[Clique na imagem para ampliá-la]

Em suma, foi só um post com desejo de passar informação "pra frente" e deixar escapar um pouquinho do meu contentamento em relação à atividade que mais me ocupa: a leitura.

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*Fontes:

Revista Ler & Cia - edição 21
Bienal do Livro

domingo, 13 de julho de 2008

Rock!!!

Dia Mundial do Rock

Assim ficou conhecida a data de 13 de Julho, em que vários artistas de renome no mundo do Rock fizeram acontecer simultaneamente em Londres e na Filadélfia o Live Aid, em 1985. O Live Aid arrecadou quase 500 milhões de reais (valor convertido), tendo como objetivo o fim da fome na Etiópia.
Infelizmente não foi lançado até hoje nenhum vídeo do festival, mas contou com grandes nomes, só para citar: Black Sabbath (ainda na era Ozzy), Mick Jagger, Queen, Judas Priest, Bob Dylan, Duran Duran, Santana, The Who, Phil Collins, etc.
Para quem achava, portanto, que a data teria tido origem com o famoso Festival de Woodstock deve ter estranhado um pouco. Mas tudo bem, o mundo do Rock muitas vezes é meio imprevisível.
Para comemorar a data, um vídeo da banda que me iniciou neste mundo. Estranhe-se novamente, trata-se de uma banda japonesa, como o próprio nome sugere,"X - Japan". E ainda que a compreensão da música fique prejudicada pelo idioma, saboreiem a qualidade da banda!
Ainda precisa da tradução: Aqui!



Ah, sim! Antes que me perguntem: sim, todos são HOMENS. Um deles, na verdade "era" (o mais bizarro, posso afirmar), já que morto desde 98.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Sob o efeito das Férias

Eu costumava brincar muito com lego quando era criança. A-do-ra-va! Reuníamos sempre aqui em casa para montar as mais divertidas obras em puro plástico. Eram cidades inteiras, os carros, as casinhas, as lojas, supermercados... o lago, o mar, o oceano. Barcos, aviões, karts e até inúmeras tentativas frustradas de carrinhos em trilhos e teleféricos. Bom, embora muitas de nossas criações talvez merecessem a mais digna patenteação, o melhor da brincadeira era simplesmente montar! Sim, por mais legal que alguma coisa ficasse, era muito fácil simplesmente enjoar. E dá-lhe desestruturação. A euforia durava enquanto se faziam as tentativas, enquanto era preciso pensar no "projeto", enquanto se ficava procurando pelas peças ideais num verdadeiro caça-ao-tesouro, dentro das enormes caixas recheadas de plásticos coloridos.

Como bem colocado no livro O Mundo de Sofia: "Por que o lego é o brinquedo mais genial do mundo?"


[...] Em primeiro lugar, são indivisíveis. Em segundo, diferem entre sina forma e no tamanho, são compactas e impermeáveis. Além disso, as peças de Lego possuem ganchos e engates, por assim dizer, o que permite que sejam combinadas na construção de todo tipo de figura. Tais ligações podem ser desfeitas para que as mesmas peças possam ser reaproveitadas na construção de novos objetos.

Justamente por possibilitarem seu reaproveitamento é que as peças de Lego se tornaram tão populares*. A mesma peça de Lego pode servir hoje para a construção de um carro, amanhã para um castelo. Ainda por cima, podemos dizer que são "eternas". As crianças de hoje podem brincar com as mesmas pedras que fizeram a diversão de seus pais quando eles ainda eram crianças.



Recapturada por este espírito da infância (pudera, clima de férias... criançada em casa), não me contive em postar essas imagens, que já tinha visto há algum tempo, ilustrando bem o poder de diversão e o quesito de um quase arquiteto para os grandes fãs do brinquedo.







Sim, você conhece essa imagem. Sim, ela foi montada com as famosas peças de Lego. Não, não é possível tal construção. Assim como Escher cria uma ilusão de óptica com sua famosa obra Waterfall, aqui foi necessário uma pequena intervenção cirúrgica virtual.



Caramba, eu estou impressionada até agora com as semelhanças.
*Populares pode até ser, no sentido de divulgação, mas os preços são bem elevadinhos...

Boas Férias a todos!!!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Níver - 3 meses

Eu sei! Que coisa! Comemorar níver do blog? É, como eu já disse, eu sei...

Mas eu tenho a pequena tradição de não deixar certas datas passarem em branco. Aliás, por alguma razão, tenho o pressentimento de que este mês o blog vai transbordar nas tags "Datas".
Como já transpareci uma vez, novamente deixo bem claro que o objetivo de lembrar o nascimento do blog é voltar a dar-lhe seu sentido, sua razão de ser com quaisquer espécies de linhas que coloquem vocês, caros leitores, em postura reflexiva.

NÃO ENTENDER

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo,é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
Clarisse Lispector. A descoberta do mundo.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Imagem e Personalidade

Cada pessoa, como indivíduo, possui uma personalidade pela qual propriamente se descreve, porém nem sempre é esta compatível com a qual gostaria de ter ou com a qual os outros a conhecem.
Criar uma imagem singular e própria constitui resultado de inúmeros processos: da educação e cultura que se teve e tem contato, dos gostos e das preferências e do que ela estabelece como meta, por exemplo.
Pelo fato de a imagem configurar aquilo que se quer passar aos outros, tem aspecto externo.
Essa criação, por sua vez, é contínua, posto que o tempo influi nas prioridades, nos interesses e nas opiniões do indivíduo. Mas a personalidade - sendo o objetivo da auto-afirmação como pessoa - significa caráter, e é existente no foro particular interno.
Independente disso, pode-se dizer que a pessoa "representa papéis", que a torna diferente em meio a outros indivíduos, representando outros papéis. E é por meio destes que existe a inter-relação, o diálogo e o conhecimento.
São os papéis que fazem as pessoas interagirem, criarem afinidade e se coletivizarem, e, ainda assim, permanecerem individualizados. Mas somente na convergência entre imagem e personalidade este papel ganha exclusividade e sentido, tornando verdadeiro o conhecimento que se tem sobre si mesmo.


Image by Escher

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Minhas pérolas sobre o fio de prata

O post de hoje é dedicado a si próprio. Se continuarem o post até o final, entenderão.

"Quando eu morrer, o fio de prata de um colar de pérolas vai se arrebentar, e todas as pérolas, lisinhas e acetinadas, vão rolar pela terra e correr de volta para a casa delas, para suas mães-ostras lá no fundo do mar. Quem vai mergulhar e apanhar minhas pérolas depois que eu tiver ido embora? Quem vai saber que elas eram minhas? Quem vai adivinhar que antigamente, há muito tempo, o mundo inteiro pendia em torno do meu pescoço?" Trecho - Through the glass, darkly by J. Gaarder.

Esse pedaço, contido no diário que expõe os pensamentos da pequena protagonista Cecília Skotbu em "Através do espelho", me marcou profundamente desde a primeira leitura. Numa lida bastante superficial e precária, nada parece ter de especial. Entretanto, sempre me pareceu uma mensagem insidiosa da mas bela epifania. Insidiosa porque parece se camuflar na sua simplicidade.
E essa deve ser a ideia.
Deve-se levar em conta que a o narrador é uma menina, que não deve ter mais de 9 anos no livro, e que escreve seus pensamentos em seu diário como já havia dito.
Outra coisa a se levar em conta é que ela está a morrer. E ela sabe disso. Ela é apenas uma criança, mas aceita muito melhor que nós, adultos, a sua morte.
Mas como toda pessoa, tem medo de se perder no esquecimento.
Quando o fio se rompe, rompe-se, em verdade, nossa existência material integrada. As pérolas voltam de onde vieram. Os átomos voltam à natureza. Apanhar as pérolas significaria resgatar a memória dela. Lembrar-se dela. E dizer que as pérolas eram suas e que representavam o mundo inteiro pendendo em seu pescoço traduz o sentimento humano de fazer-se protagonista dentro da história do mundo, da história do seu próprio mundo interior.
Hoje só quis dividir aqui neste espaço essa minha ideia. Já li esse trecho para diversar pessoas que simplesmente não puderam se maravilhar diante de seu conteúdo. Talvez por estar descontextualizado. Não sei. O que sei é que a cada nova leitura que faço em cima do mesmo trecho, vejo coisas novas, escondidas sob metáforas múltiplas. E que talvez embora seja um livro voltado ao público infantil, tenha sido o que mais me fez refletir sobre a vida, sobre o mundo material, sobre a essência das coisas, sobre o que importa de verdade. Maior prova disso foi a inspiração para o nome deste blog.
Para finalizar, outros trechos que gosto:

"Todas as estrelas acabam caindo. Mas uma estrela é apenas uma pequenina centelha do grande facho de luz que há no céu".


"Não são as crianças queridas que recebem muitos nomes; são as crianças perdidas que recebem muitos nomes. As que são encontradas na soleira da porta. As que vêm ninguém sabe de onde. As que ficam pairando no espaço vazio."


"Não é a criança que vem ao mundo, mas o mundo que vem para a criança. Nascer é receber de presente o mundo inteiro".

terça-feira, 24 de junho de 2008

Velhas dúvidas meio esclarecidas

Na canção de Geraldo Vandré, "Para não dizer que não falei das flores", há o famoso trecho

"Vem vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"
A música, que conquistou o segundo lugar no Festival Internacional da Canção (1968) têm lá seus cunhos políticos de resistência militar que eu cuido em não entrar pormenorizadamente por falta de domínio no tema (quase absoluta, diga-se de passagem).
Aliás, por muitos anos da minha vida, pelo menos proporcionalmente falando, ela esteve presente. Em uma ou outra aula de história do ensino fundamental, nas discussões trazidas dentro de aulas de redação do ensino médio, e até na propaganda do Prouni veiculada na TV (para a irritação de alguns) ela se apresentava, pra mim, tão enigmática quanto um "cubo mágico".
O fato é que eu, sempre muito ingênua, não entendia o que a letra queria dizer com aquelas palavras. Soava um bando de rimas pobres (pelo recurso poético, peloamordedeus!) e bonito de alguma forma. Só.
Eis que alguns anos se passaram, e venho a ler num capítulo dedicado à Filosofia Contemporânea, de um livro de Filosofia¹ (meio óbvio), as seguintes palavras, dentro do contexto de "Ideologia":
"O pensamento, posto em movimento na história, desfere um golpe na visão estática e metafísica do mundo".
Essa é, claro, com outras palavras, a percepção de Hegel, dentro do idealismo. Mais ou menos como Conhecer pela transformação.
Já pelo materialismo de Marx e Engels, seria "conhecer para transformar".
É claro que isso foi algo que me veio à tona pela leitura completa do capítulo, juntamente com as atividades propostas no livro ao final da unidade inteira. E digo: isso é tão-somente minha forma de divagar. Ou seja, é uma simples opinião que divido aqui, com vocês.
As duas frases em vermelho estão presente literalmente no livro. Mas a releitura que eu fiz foi a seguinte:
Pelo idealismo de Hegel, a letra da canção (sim, finalmente juntando os pontos) ficaria como uma crítica negativa, visto que se conhece pela transformação, pela própria evolução histórica, em que o conhecimento se dá como fruto da história (razão histórica), e nessa perspectiva, o sujeito do conhecimento seria passivo.
Já pelo materialismo de Marx, é preciso a ação (imperativo na letra da música, inclusive) . Pois o conhecimento é uma forma de transformar o mundo.
É claro que tanto o idealismo como o materialismo sofreram grandes críticas como ideologias. E é claro também que tenho pouco respaldo para abrir uma longa discussão sociológica. E claro que essa minha forma de entendimento fica restrito a esse trecho específico da canção. Agora, quem, souber mais, pode dividir aqui comigo e acabar com esse conflito que cultivo há anos!
Outra coisa que gostaria de dividir com vocês: um artigo acadêmico sobre a propaganda do Prouni, achei bem interessante, apesar de ainda não ter lido tudo.
Da minha parte, relativo ao "conhecer", reconheço que pesquisar, pesquisar, pesquisar e pesquisar é fundamental! E é por isso que tento trazer abordagens diferentes para o blog.

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¹ Aranha, Maria Lúcia de A.; Martins, Maria Helena P. Filosofando: Introdução à Filosofia

sábado, 21 de junho de 2008

Nas ruas (cantadas) de minha infância

Mais um vídeo:



Essa música eu conheci no auge dos meus 11 aninhos. Embora eu jamais a tivesse ouvido na versão original (Ralph Mc Tell) até essa semana, o som do cover cantado e dedilhado por um grupo de jovens suecos (com seus 20 anos) ficou pregado na minha memória. E por simples curiosidade, resolvi procurá-la no lugar mais óbvio dos últimos tempos: dá-lhe You Tube!
O vídeo postado conta com a versão de Albert Au, elegi este vídeo por causa da composição das imagens, que achei a mais bonita.


A frase da música que passou quase 8 anos rondando por minha labirintuosa cabeça: "So how can you tell me you're lonely / And say for you that the sun don't shine?"


E a música continua: "Let me take you by the hand and lead you through the streets of London I'll show you something to make you change your mind".


Nessa parte eu ficava imaginando uma mão amiga se entrelaçando com a minha. Não precisava nem ser por Londres. Uma mão amiga bastava.


A Suécia foi meu "país das maravilhas". Tantas crianças diferentes como eu! (Eu sei, tremenda contradição nisso). Consigo, ainda, vizualizar nitidamente cada um com suas vestes típicas, dançando, brincando, fazendo barulho, comendo, cantando Streets of London, uníssono:


Have you seen the old man in the closed-down market
Kicking up the paper with his worn out shoes?
In his eyes you see no pride
Hand held loosely at his side
Yesterday's paper telling yesterday's news

So how can you tell me you're lonely
And say for you that the sun don't shine?
Let me take you by the hand and lead you through the streets of London
I'll show you something to make you change your mind

Have you seen the old girl who walks the streets of London
Dirt in her hair and her clothes in rags
She's no time for talking
She just keeps right on walking
Carrying her home in two carrier bags
In the all night cafe at a quarter past eleven
Same old man is sitting there on his own
Looking at the world over the rim of his tea-cup
Each tea lasts an hour
Then he wanders home alone

Have you seen the old man outside the Seaman's Mission
Memory fading with the medal ribbons that he wears
In our winter city, the rain cries a little pity
For one more forgotten hero
And a world that doesn't care


Cantávamos sentados sobre colchões, no melhor clima lullaby. Mas nas minhas lembranças, ficou minha imagem, de mãos dadas, percorrendo uma longa e desconhecida rua... tão saborosamente nova e aparentemente contínua quanto a própria vida. E o importante, não estava sozinha.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Quanto de sonhos resta em você?

Se tivesse de usar apenas uma palavra para descrever o filme "Em busca da terra do nunca" (original: Finding Neverland) seria: lindo. E digam o que quiserem os críticos, minha opinião já está feita! Não sou ingênua a ponto de afirmar que o filme relata fielmente a inspiração de James Barrie para a criação de sua obra-prima, Peter Pan. Até porque os filmes devem ser vistos além disso. A vida do dramaturgo é mera inspiração, e que usem e abusem aqueles que enxergam além da realidade. O filme é uma verossimilhança. É uma nova forma de contar uma boa história. E todo bom contador de história mexe alguns pauzinhos para deixá-la com pitadas de "told by me". E fim de papo.
A meu ver, o próprio filme contém uma frase que deveria cair de mergulho na cabeça dos críticos:



Just a dog? Porthos dreams of being a bear, and you want to shatter those dreams by saying he's just a dog? What a horrible candle-snuffing word. That's like saying, "He can't climb that mountain, he's just a man," or "That's not a diamond, it's just a rock." Just.

Essa frase é dita a Peter, um menino que perdera o pai e andava meio desencantado com o mundo do faz de conta. Quem lhe lança o verbo é o escritor J. Barrie, minutos antes de iniciar uma divertida apresentação em que dança com seu cão Porthos. No seu mundo imaginário, Porthos é um urso, e a dança é um espetáculo com direito até a cenários espelhados e figurantes circenses. Sim, é tudo fruto da imaginação de Barrie. Essencial para um escritor. Ou para qualquer pessoa que tenha perdido a capacidade de sonhar.
Peter é um desses então desencantados. E não vê graça nenhuma em ver um cachorro-urso dançando em pleno parque numa tarde de sol. E então ele profere a derradeira frase: "It´s not a bear. It´s just a dog!" *Não é um urso, é APENAS um cão!
E o ilustre J. Barrie diz: "APENAS um cão?" Porthos sonha em ser um urso, e você quer destruir seus sonhos dizendo "ele é apenas um cão?" É o mesmo que dizer: Ele não pode ser subir aquela montanha, ele é apenas um homem, ou isso não é um diamante, é apenas uma pedra. Apenas".
O garoto, aborrecido como se tivesse levado um sermão diz: "Tudo bem! Transforme-o num urso então, se conseguir!"
J. Barrie volta-se novamente ao menino e diz: "receio que com estes seus olhos, jamais o verá".

E é bem por aí, quem não vê nessa cena uma potente beleza está cego de fantasia. Anda desencantado com seu mundo de sonhos. E não precisa ser nenhum lunático. "Viver no mundo da lua", na melhor metáfora brasileira. Basta saber se encantar com as banalidades: uma borboleta voando pelos ares, uma criança passeando com seu cãozinho, um casal de namorados andando de bicicleta, um casal de velhinhos que ainda anda de mãos dadas... o que se quiser ver. O que houver para ver.
Por isso, frizando a pergunta do título do post, pergunto novamente:
Quanto de sonhos resta em você?

sábado, 14 de junho de 2008

Brincando também se aprende

Criança conta com uma maneira muito prazerosa e eficaz para aprender certas coisas: brincando.E foi dessa forma simples e ao mesmo tempo brilhante e genial, que o Van Gogh Museum - Amsterdã conseguiu aproximar o mundo da arte dos pequeninos. É que o museu conta com atividades lúdicas (só para crianças hein, mas eu já ia querer entrar na fila, afff) que fazem a criança apreciar a arte do renomado artista de forma despreocupada com seus verdadeiros aspectos técnicos. Do tipo, que lhes importa saber que se Van Gogh é expoente do pós-impressionismo ou não? Querem é se divertir, e sem querer... acabam aprendendo!Também, pudera. Entre as atividades, incluem-se audiotour para crianças, workshops em que elas se revelam os artistas, atividades de colorir (obras famosas adaptadas) e até caça ao tesouro, em que os baixinhos (desculpa o termo) devem sair à procura das respostas pelo próprio museu, respondendo às questões que são dadas. Perguntas fáceis como: Se você estivesse sentado junto aos "Comedores de Batatas", quais as comidas que você sentiria o cheiro? Além das batatas, há outras respostas, mas aí é preciso dar uma boa olhadela na pintura antes de responder. Depois eles checam as respostas e ganham um presentinho. Bacana, não?No final, a criançada acaba sabendo mais que os adultos sobre os quadros de Van Gogh. Eu, por exemplo, não tinha reparado que no "Comedores de Batata" há um relógio na sala. Só "descobri" depois de dar uma xeretada no Treasure hunt e ver lá um rol de curiosidades que se aprende com a brincadeira.E acho que o segredo é bem por aí mesmo: transformar o enfadonho e sério em prazer e diversão. Vai dizer que não?




Image by: Van Gogh Museum site

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Acorda!

Eu sei, nada de vida privada... mas eu tenho medo. E preciso sair publicando. Se chegar ao destinatário, fico feliz.

[Dívidas]

Se não fosse pela distância geográfica,
Seria pela distância do relacionamento.
Até quando pode durar este tormento?

A distância de ambos aparta as brigas,
Cria a saudade, apaga a aspereza.
Aos fortes, mais força; aos fracos, fraqueza.

Se não fosse pela distância - mais de 2000km,
O amor teria espaço. Amor de mãe vence.
Aos olhos alheios, deixo que tudo pensem.

A distância de ambos criou uma necessidade:
A rigorosa confiança, que logo se esgotará.
Pois de dívida em dívida, o selo se romperá.

Se não fosse pela distância geográfica,
Onde cada um estaria neste momento?
Poderia o sangue poupar sentimentos?

Sangue nosso tingido pelo de ambos.
E por que só por de um deve pesar,
Ao vê-lo no assovio sossegado a cantar?

Pois basta de magoar a quem já lhe é grato.
Suas dívidas sanadas pela maternidade
Exigem maior senso de paternidade.

Em composição de versos que fazem tercetos,
Que cada um deles remeta ao triplo dever
A cada filho seu antes de se exceder.

sem orgulho, by Isa Ueda

domingo, 8 de junho de 2008

Caperucita Roja

Não é a primeira vez que penso em saber o que se passa por trás dos grandes contos infantis. De alguma forma, sempre me senti atraída pelos desenhos, pelas animações. Diferente de muita gente, eu sempre achei que eles eram direcionados ao público infantil – mas verdadeiramente feitos para os adultos.
Vou contar “minha história”. Tudo começou no segundo colegial. Tínhamos aulas à tarde de redação. Eu particularmente achava uma perda de tempo. Fazia as redações que a professora me pedia, mas acho que foram poucas as vezes em que recebi de volta uma corrigida. Mas eu frequentava as aulas, claro, por motivo de amor maior: meu paquera (rsrsrs) – hoje meu atual namorado, muito bem, obrigada!
Numa dessas aulas fomos para a sala de exibição de filmes. Filmes escolhidos: Rei Leão e Hamlet. Era só um paralelo, com algumas cenas selecionadas de cada um. O mais triste foi terem cortado todas as passagens musicais de Rei Leão, um verdadeiro desperdício ao riso descomedido. Hamlet não conhecia a história, nunca vi até hoje, nem li... continuo sem saber. Enfim, a professora iniciou uma verdadeira discussão, no melhor estilo mesa-redonda. E revelou-me um “segredo”: Rei Leão não é uma história feliz. Apenas uma história da vida. Do ciclo da vida (nascer, crescer e morrer). Assim, básico. Simples.
Sim, foi aí que meu interesse nasceu. Depois eu nunca mais fui a mesma. E me fizeram muito bem. Uma nova perda de ingenuidade. Quando dei por mim, a história mais sem pé e sem cabeça que eu já ouvira, começou a me incomodar um pouco mais: o que aquela Alice queria dizer com todas aquelas loucuras no país das maravilhas? Fiquei de comprar o livro na versão original (inglês), porque descobri que algumas passagens só fazem sentido em Inglês, por causa de alguns trocadilhos espalhados pela história. A grana não rolou, e me contive com o que li no Rainha de Copas.
A escolhida dessa vez foi chapeuzinho vermelho. Andei pesquisando. Sim, como sempre. E também como sempre, estou aberta a contestações, afinal, me sirvo de material cibernético.
Mas do que li, Chapeuzinho vermelho é um verdadeiro conto destinado ao mundo adulto, já que constitui excelente metáfora da sexualidade. Por quê?
Irei só apontar os tópicos que li e disponibilizar os links pro post não ficar enorme:


- Vermelha é a cor da libido, da paixão, da menstruação;
- Há diversos símbolos espalhados pela história (e agora, um bom livro dos Grimm me seria de grande utilidade para conferir tal arguição): colhendo avelãs, simbolizando luxúria e fertilidade; borboletas, a metamorfose; as flores, a passividade; o cuidado de não quebrar a garrafa de vinho, o zelo pela virgindade.
- Nessa direção, o lobo traduz a figura do agente sedutor, a confirmação disso vem das famosas frases: que orelhas grande/mãos grandes/ boca grande, apelo expressivo aos traços masculinos e imponentes em comparação aos da avó;

- A passividade antes dita, diz respeito ao fato de chapeuzinho tomar o caminho mais longo, mas ela é quebrada quando das insinuações de Chapeuzinho, a ver: mostrando a direção da casa da avó.
- O caçador representa também a figura masculina, porém, ao contrário do agente sedutor, ele é aquele que põe ordem.
- Chapeuzinho, salva, promete à mãe nunca mais lhe desobedecer, agora conhecedora dos perigos da “perdição”.
- A mãe, embora peça obediência, expõe sua filha ao mundo da qual quer sua filha longe.
Gostou? Então confira esses links:
La verdad sobre caperucita roja; Chapeuzinho Vermelho: uma linguagem sedutora do jogo; Chapeuzinho Vermelho e a Formação da Histeria

terça-feira, 3 de junho de 2008

Aniversário do Blog

Hoje o Blog completa 2 meses.
Estava lendo ontem no Rainha de Copas e encontrei um link em que se diz que blogar faz bem. Então, por mais que não hajam comentários, o importante é escrever.
Para comemorar os dois meses, escolhi alguns poemas que traduzem o "espírito" do blog. Um deles já esteve presente aqui, mas fora retirado há algum tempo.

[O Espelho]

O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo.
Alberto Caeiro


[Retrato]

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Cecília Meireles


[DOS MUNDOS]

Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo

Mário Quintana

[Se cada dia cai]

Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.

Pablo Neruda

sábado, 31 de maio de 2008

Gosto pela Leitura

Os velhos de hoje falam muito de como os jovens não tiram a bunda do sofá. O que não deixa de ser uma verdade, levando-se em conta que esta é mais uma das grandes generalizações em que existem grandes exceções.
No meu pensar, os jovens têm mais é que colar a bunda no sofá. E acompanhado de um bom livro.
Os jovens devem reaprender a ler. E estimular as crianças a lerem mais também.
Sou daquelas chatas e certinhas. Já tentei relaxar e descansar a postura de seriedade que passo. Mas não dá. E sempre que puder, vou espalhando por aí o vício à leitura.
Leio por prazer.
Esses dias atrás até fiquei meio alterada com meu pai. Estava jantando e lendo um livro de filosofia que estou lutando contra o tempo para acabá-lo ainda antes das férias.
Ele me perguntou o que lia. Já sabendo o que iria escutar, respondi seca: "estou lendo por prazer".
Ele insistiu, e eu cedi: "filosofia". Já pensando que ele iria dizer para eu ler livros de Direito, quebrou minha expectativa, que me desgostou muito mais: "Você está ficando viciada!". Repliquei: "pelo menos é um vício bom". Parecendo querer me irritar: "Bom?! Nada em excesso é bom".
Aquele dia ele conseguiu me tirar do sério. Não briguei com ele. Mas tive vontade de dizer que só porque ele não conseguia ler o tanto que leio por puro prazer, ele não tinha o direito de atrapalhar a leitura de ninguém dizendo bobagens.
Você, neutro e parcial deve achar que é exagero meu me irritar com essas situações, e que talvez ele tenha razão quanto ao "nada em excesso é bom".
Isso me irrita, primeiro porque eu não deixo de fazer nada para passar horas lendo. Eu paro, como qualquer pessoa para ir à academia, por exemplo. E se janto lendo, é só porque é o tempo que tenho livre antes de dormir. Outra, eu praticamente engulo a comida. Ler sempre me faz comer devagar e corretamente, mastigando bem o alimento.
Vício malogro para mim são esses que infestam à indiferença das mentes já comprometidas: a bebida, o cigarro, as drogas ilícitas, o prazer da malandragem, a prática incessante de crimes, a internet e suas facilidades pornográficas, e as mentes vazias que engolem tudo que aparece na TV. Nossa juventude lê muito pouco, e se existe algo que para mim me põe à frente dela é a leitura.
Eu sou dessas que lê de tudo quando tem tempo ou um pouco de curiosidade: manual de eletrônicos; contratos de garantias que esquecemos na gaveta e só lembramos quando o produto estraga; bula de remédios; receita que vem nos jornais; as páginas amarelas da Veja; blogs de amigos; artigos científicos; poemas, letras de músicas; revistas de moda, arquitetura e arte; livros de filosofia; gramática, dicionários; ficção e meus livros da faculdade. Ufa! E mais um pouco que não lembrei.
Vício? Pode ser. Mas olhe ao seu redor. Quantas coisas não estão impressas, prontas para serem lidas? Suas maquilagens e remédios, comida embalada e água engarrafada. Estão dispejando informações em nós consumidores! E nem nos damos o trabalho de ler. Mas se acontece alguma coisa, alguma reação alérgica, a culpa é do produto! Não! A culpa é nossa por não ler. "Reações adversas", "Não consumir se...", "Contém...".
A comunidade científica briga com as grandes indústrias que não informam da origem de seus produtos, se transgênicos ou orgânicos. Fico me perguntando que diferença faz a esse grande público que não lê sequer a placa da rua antes de perguntar a rua na qual se encontra ao pobre pedestre, que se apressa a chegar em seu destino. Pouparia-lhe tempo sob o sol.
Enfim, o que estou fazendo aqui é mais um desses meus exercícios regulares de convidar as pessoas a lerem. Gostem ou não gostem das minhas ideias, só admito críticas se forem pautadas em leituras. Pode-se alegar a passividade daqueles que não dispõem de recursos para a leitura. Mas não me dirijo a este público minhas palavras. Dirijo aos que estudam em escolas particulares mesmo, que têm aulas de inglês no meio da tarde e depois aulas de tênis particular ou em turma fechada. A esses jovens que não sabem viver sem o orkut e o msn, que ainda têm medo de dizer "vou à livraria/ao sebo", frente à possibilidade de ser taxado de "nerd". Para encerrar, uma frase que um professor de matemática soltou aos alunos. Que a carapuça tenha servido para alguns: Se fosse vocês, não tiraria sarro de nerds. Amanhã você estará trabalhando para um". A frase é atribuída a Bill Gates. Não achei ela no original. Mas, para quem sentiu na garganta: artigo da veja - a redenção dos nerds.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Vida Inteligente



A ÁRVORE DA SERRA

- As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minha'alma!...

- Disse - e ajoelhou-se, numa rogativa:
"Não mate a árvore, pai, para que eu viva!"
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
Augusto dos Anjos
Nosso Calvin sempre nos botando pra pensar!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

"A Linguagem com que os homens se comunicam"

Este post ficaria bom se o título fosse Convite ao Mundo Grande II.
Um poema de Carlos Drummond de Andrade traz consigo uma mensagem pacificamente tímida. É preciso lê-lo e relê-lo. Marilena Chauí compartilhou a interpretação deste poema em sua mais famosa obra. O poema é o “Mundo Grande”. A mensagem, farei metaforicamente um acontecimento de minha vida passar.
Antes de completar meus doze anos - idade em que me encontrava frágil, totalmente dependente de meus pais, introvertida e ingenuamente calada -, minha mãe, sem me consultar, havia pesquisado sobre uma proposta de intercâmbio.
Eu tinha 11 anos em magros dedos. Quando ela me deu a notícia de que eu faria uma viagem internacional por um mês sem meus pais, creio que toda essa magreza encarniçada em secos galhos que faziam meus dedos, quis se quebrar. Mas minha natureza sempre foi de encarar como uma boa experiência as situações que não escolho.
E acabei indo, no fim, mais animada que nunca. Destino: Linköping - Suécia.
Eis que nessa experiência internacional tive a felicidade de conhecer pessoas das culturas mais diversas: além de crianças suecas e jovens suecos, delegações de vários pontos da Europa. Como companhia nórdica, a Noruega; com todo seu glamour e até pitadas de romantismo, representantes da França; a pequena distância dos austríacos; as vozes e tradições romenas, carregadas de histórias da Transilvânia; um jovem de Israel e uma delegação do Líbano. Do outro lado do mundo, nós, brasileiros, tivemos também amigos de alto astral e humor, os Costarriquenhos; os Estados Unidos, que não exalavam um mísero aroma de arrogância, eram verdadeiramente boa companhia para se ter em intervalos; e o Canadá, com representantes que faziam meus lábios sorrirem sozinhos diante de tamanha meiguice.
Uma certeza eu tenho de tudo que me foi posto lá, em contrastes dos mais diversos. Eu era a criança mais quieta do acampamento. Mas queria fazer amigos. Não era antipática, e sabia dar belos sorrisos de boas-vindas a qualquer aproximação. Entendia tudo o que me falavam, mesmo quando nada respondia. É um comportamento comum de crianças que pensam muito, gostam de ouvir pessoas e tê-las por perto, mas são TÍMIDAS.
Do nada, um dia, as meninas da charmosa delegação Francesa vieram ter palavrinhas da gostosa fase da infância comigo. E disseram-me palavras soltas que qualquer pessoa que sabe montar quebra-cabeças de três peças era capaz de entender. Palavras que formaram uma pergunta. “Who you like”?
Digo até hoje que amizades entre meninas começam assim. E é um fato que tenho percebido ao longo dos meus anos – modestos ainda – como verídico. Meninas segredam entre si. Criam um pacto verbal do “não conte a ninguém”, e então nasce uma relação de afetividade. Logo depois dos segredos sobre os amores infanto-juvenis, vêm a congruência dos gostos, os presentinhos, as cartinhas compartilhadas.
Pareceria tudo absolutamente normal essa convivência entre duas meninas que se tornaram amigas diante de tais circunstâncias. O entretanto fica para o fato, que não pode ser esquecido, de que éramos de países diferentes. Eu, que não tinha um Inglês poderoso, mas regular, tinha uma deficiência enorme no falar em si, seja em que língua fosse. Ela, que tinha um inglês fraco, impossibilitava que nossas conversas fossem longas e demoradas, cheias de detalhes.
Fomos encaminhadas para uma host family juntas e o mais perto do inglês que chegávamos a falar uma para a outra era “good night” antes de pegarmos no sono. Durante o dia, brincávamos com a filha da família, que tinha nossa idade, e com o pai dela, que era sorridente, o típico “paizão”. E quando eu e minha companheira francesa tínhamos um tempo só para nós, ficávamos a apontar as coisas, cada uma dizendo o nome delas em sua língua. Como a origem é latina, muitas palavras batiam. E ficávamos excitadas com isso. E ríamos.
Hoje, passado então sete anos, vejo que “a linguagem com que os homens se falam” se fez, naquele dia tão evidente, não pelas palavras. Mas pelos gestos. Palavras são apenas nomes que os homens escolhem para dar às coisas. E são diferentes aqui de lá. Às vezes, oportunamente, iguais entre si. Mas quando ouço uma gargalhada divertida e delicada de uma criança, qualquer pessoa sabe que aquilo é um bom sentimento. Que a sensação da criança é boa. Quando crianças, nos países onde a norma bélica dita tudo, abaixam-se, escondem-se ou correm sem um real destino ao verem bombas rasgarem a resistência do ar em velocidade nos céus, qualquer pessoa entende que aquilo que elas sentem é medo. Em conjunto com muitos outros sentimentos. Mas principalmente medo.
As crianças fazem bem seus papéis de intérpretes reais do espetáculo da vida. E nem desconfiam do quanto são profissionais nisso. Mas ninguém lhes paga nada por isso. Ao contrário, elas crescem, sendo ensinadas por outros adultos que tão logo também deixaram sua infância para trás e esqueceram-se da verdadeira comunicação, aquela que paira nos olhos puros das crianças. Que em silêncio, mesmo estando os olhos cerrados, dizem mil frases diferentes, qualquer delas valendo, diferente das palavras que dão nomes e são a geografia e a cultura que lhes põe a validade. A verdadeira linguagem é uma constante, que nem a geografia, nem a cultura são capazes de deturpar.
Nossas crianças crescem e deixam de lado tudo que verdadeiramente tinham. E se perdem nas “ilhas”, fechadas em seus próprios mundos, onde seus valores são únicos e inquestionáveis. Um mundo pequeno, onde o “amor e o fogo” não têm espaço. E o coração não cresce. Como pode tamanha divergência? Tudo cresce: o mundo, as pessoas, as tecnologias, o conhecimento, as artes e a história. Mas seus corações são ditos estáticos. E reclamam ferrenhamente por esse direito de estaticidade.
- Ó vida futura! Quando te criaremos?