terça-feira, 24 de junho de 2008

Velhas dúvidas meio esclarecidas

Na canção de Geraldo Vandré, "Para não dizer que não falei das flores", há o famoso trecho

"Vem vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"
A música, que conquistou o segundo lugar no Festival Internacional da Canção (1968) têm lá seus cunhos políticos de resistência militar que eu cuido em não entrar pormenorizadamente por falta de domínio no tema (quase absoluta, diga-se de passagem).
Aliás, por muitos anos da minha vida, pelo menos proporcionalmente falando, ela esteve presente. Em uma ou outra aula de história do ensino fundamental, nas discussões trazidas dentro de aulas de redação do ensino médio, e até na propaganda do Prouni veiculada na TV (para a irritação de alguns) ela se apresentava, pra mim, tão enigmática quanto um "cubo mágico".
O fato é que eu, sempre muito ingênua, não entendia o que a letra queria dizer com aquelas palavras. Soava um bando de rimas pobres (pelo recurso poético, peloamordedeus!) e bonito de alguma forma. Só.
Eis que alguns anos se passaram, e venho a ler num capítulo dedicado à Filosofia Contemporânea, de um livro de Filosofia¹ (meio óbvio), as seguintes palavras, dentro do contexto de "Ideologia":
"O pensamento, posto em movimento na história, desfere um golpe na visão estática e metafísica do mundo".
Essa é, claro, com outras palavras, a percepção de Hegel, dentro do idealismo. Mais ou menos como Conhecer pela transformação.
Já pelo materialismo de Marx e Engels, seria "conhecer para transformar".
É claro que isso foi algo que me veio à tona pela leitura completa do capítulo, juntamente com as atividades propostas no livro ao final da unidade inteira. E digo: isso é tão-somente minha forma de divagar. Ou seja, é uma simples opinião que divido aqui, com vocês.
As duas frases em vermelho estão presente literalmente no livro. Mas a releitura que eu fiz foi a seguinte:
Pelo idealismo de Hegel, a letra da canção (sim, finalmente juntando os pontos) ficaria como uma crítica negativa, visto que se conhece pela transformação, pela própria evolução histórica, em que o conhecimento se dá como fruto da história (razão histórica), e nessa perspectiva, o sujeito do conhecimento seria passivo.
Já pelo materialismo de Marx, é preciso a ação (imperativo na letra da música, inclusive) . Pois o conhecimento é uma forma de transformar o mundo.
É claro que tanto o idealismo como o materialismo sofreram grandes críticas como ideologias. E é claro também que tenho pouco respaldo para abrir uma longa discussão sociológica. E claro que essa minha forma de entendimento fica restrito a esse trecho específico da canção. Agora, quem, souber mais, pode dividir aqui comigo e acabar com esse conflito que cultivo há anos!
Outra coisa que gostaria de dividir com vocês: um artigo acadêmico sobre a propaganda do Prouni, achei bem interessante, apesar de ainda não ter lido tudo.
Da minha parte, relativo ao "conhecer", reconheço que pesquisar, pesquisar, pesquisar e pesquisar é fundamental! E é por isso que tento trazer abordagens diferentes para o blog.

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¹ Aranha, Maria Lúcia de A.; Martins, Maria Helena P. Filosofando: Introdução à Filosofia

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