domingo, 8 de junho de 2008

Caperucita Roja

Não é a primeira vez que penso em saber o que se passa por trás dos grandes contos infantis. De alguma forma, sempre me senti atraída pelos desenhos, pelas animações. Diferente de muita gente, eu sempre achei que eles eram direcionados ao público infantil – mas verdadeiramente feitos para os adultos.
Vou contar “minha história”. Tudo começou no segundo colegial. Tínhamos aulas à tarde de redação. Eu particularmente achava uma perda de tempo. Fazia as redações que a professora me pedia, mas acho que foram poucas as vezes em que recebi de volta uma corrigida. Mas eu frequentava as aulas, claro, por motivo de amor maior: meu paquera (rsrsrs) – hoje meu atual namorado, muito bem, obrigada!
Numa dessas aulas fomos para a sala de exibição de filmes. Filmes escolhidos: Rei Leão e Hamlet. Era só um paralelo, com algumas cenas selecionadas de cada um. O mais triste foi terem cortado todas as passagens musicais de Rei Leão, um verdadeiro desperdício ao riso descomedido. Hamlet não conhecia a história, nunca vi até hoje, nem li... continuo sem saber. Enfim, a professora iniciou uma verdadeira discussão, no melhor estilo mesa-redonda. E revelou-me um “segredo”: Rei Leão não é uma história feliz. Apenas uma história da vida. Do ciclo da vida (nascer, crescer e morrer). Assim, básico. Simples.
Sim, foi aí que meu interesse nasceu. Depois eu nunca mais fui a mesma. E me fizeram muito bem. Uma nova perda de ingenuidade. Quando dei por mim, a história mais sem pé e sem cabeça que eu já ouvira, começou a me incomodar um pouco mais: o que aquela Alice queria dizer com todas aquelas loucuras no país das maravilhas? Fiquei de comprar o livro na versão original (inglês), porque descobri que algumas passagens só fazem sentido em Inglês, por causa de alguns trocadilhos espalhados pela história. A grana não rolou, e me contive com o que li no Rainha de Copas.
A escolhida dessa vez foi chapeuzinho vermelho. Andei pesquisando. Sim, como sempre. E também como sempre, estou aberta a contestações, afinal, me sirvo de material cibernético.
Mas do que li, Chapeuzinho vermelho é um verdadeiro conto destinado ao mundo adulto, já que constitui excelente metáfora da sexualidade. Por quê?
Irei só apontar os tópicos que li e disponibilizar os links pro post não ficar enorme:


- Vermelha é a cor da libido, da paixão, da menstruação;
- Há diversos símbolos espalhados pela história (e agora, um bom livro dos Grimm me seria de grande utilidade para conferir tal arguição): colhendo avelãs, simbolizando luxúria e fertilidade; borboletas, a metamorfose; as flores, a passividade; o cuidado de não quebrar a garrafa de vinho, o zelo pela virgindade.
- Nessa direção, o lobo traduz a figura do agente sedutor, a confirmação disso vem das famosas frases: que orelhas grande/mãos grandes/ boca grande, apelo expressivo aos traços masculinos e imponentes em comparação aos da avó;

- A passividade antes dita, diz respeito ao fato de chapeuzinho tomar o caminho mais longo, mas ela é quebrada quando das insinuações de Chapeuzinho, a ver: mostrando a direção da casa da avó.
- O caçador representa também a figura masculina, porém, ao contrário do agente sedutor, ele é aquele que põe ordem.
- Chapeuzinho, salva, promete à mãe nunca mais lhe desobedecer, agora conhecedora dos perigos da “perdição”.
- A mãe, embora peça obediência, expõe sua filha ao mundo da qual quer sua filha longe.
Gostou? Então confira esses links:
La verdad sobre caperucita roja; Chapeuzinho Vermelho: uma linguagem sedutora do jogo; Chapeuzinho Vermelho e a Formação da Histeria

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