quarta-feira, 18 de junho de 2008

Quanto de sonhos resta em você?

Se tivesse de usar apenas uma palavra para descrever o filme "Em busca da terra do nunca" (original: Finding Neverland) seria: lindo. E digam o que quiserem os críticos, minha opinião já está feita! Não sou ingênua a ponto de afirmar que o filme relata fielmente a inspiração de James Barrie para a criação de sua obra-prima, Peter Pan. Até porque os filmes devem ser vistos além disso. A vida do dramaturgo é mera inspiração, e que usem e abusem aqueles que enxergam além da realidade. O filme é uma verossimilhança. É uma nova forma de contar uma boa história. E todo bom contador de história mexe alguns pauzinhos para deixá-la com pitadas de "told by me". E fim de papo.
A meu ver, o próprio filme contém uma frase que deveria cair de mergulho na cabeça dos críticos:



Just a dog? Porthos dreams of being a bear, and you want to shatter those dreams by saying he's just a dog? What a horrible candle-snuffing word. That's like saying, "He can't climb that mountain, he's just a man," or "That's not a diamond, it's just a rock." Just.

Essa frase é dita a Peter, um menino que perdera o pai e andava meio desencantado com o mundo do faz de conta. Quem lhe lança o verbo é o escritor J. Barrie, minutos antes de iniciar uma divertida apresentação em que dança com seu cão Porthos. No seu mundo imaginário, Porthos é um urso, e a dança é um espetáculo com direito até a cenários espelhados e figurantes circenses. Sim, é tudo fruto da imaginação de Barrie. Essencial para um escritor. Ou para qualquer pessoa que tenha perdido a capacidade de sonhar.
Peter é um desses então desencantados. E não vê graça nenhuma em ver um cachorro-urso dançando em pleno parque numa tarde de sol. E então ele profere a derradeira frase: "It´s not a bear. It´s just a dog!" *Não é um urso, é APENAS um cão!
E o ilustre J. Barrie diz: "APENAS um cão?" Porthos sonha em ser um urso, e você quer destruir seus sonhos dizendo "ele é apenas um cão?" É o mesmo que dizer: Ele não pode ser subir aquela montanha, ele é apenas um homem, ou isso não é um diamante, é apenas uma pedra. Apenas".
O garoto, aborrecido como se tivesse levado um sermão diz: "Tudo bem! Transforme-o num urso então, se conseguir!"
J. Barrie volta-se novamente ao menino e diz: "receio que com estes seus olhos, jamais o verá".

E é bem por aí, quem não vê nessa cena uma potente beleza está cego de fantasia. Anda desencantado com seu mundo de sonhos. E não precisa ser nenhum lunático. "Viver no mundo da lua", na melhor metáfora brasileira. Basta saber se encantar com as banalidades: uma borboleta voando pelos ares, uma criança passeando com seu cãozinho, um casal de namorados andando de bicicleta, um casal de velhinhos que ainda anda de mãos dadas... o que se quiser ver. O que houver para ver.
Por isso, frizando a pergunta do título do post, pergunto novamente:
Quanto de sonhos resta em você?

3 comentários:

Anônimo disse...

retribuindo comentário...
obrigado pela visita!

gostei do seu blog.
vc escreve mtu bem!

Carla Menezes disse...

Ainda resta muito! Aliás, sonhos fazem parte da minha vida constantemente. São meu combustível para realizar as mais diversas façanhas, que talvez nem eu mesma achava que seria capaz...

O filme "Finding Neverland" me arrancou lágrimas de emoção.

Beijo!

AkoMi disse...

Olá!
jeje ... É engraçado, temos quase os mesmos gostos.
Lemos!
tchau!
^_^