domingo, 10 de agosto de 2008

Convivência

Saiu hoje, segundo Domingo de Agosto - Dia dos Pais - o seguinte texto, de minha autoria num dos jornais de minha cidade:


Nenhuma grande história para ser lançada como verdadeira metáfora. Apenas o convívio.
Confesso: não há nenhuma história maravilhosa para se contar. Lição de pai decorre de uma vida toda partilhada, e não de mero capítulo isolado da mesma.
Em todos meus inexperientes anos de vida, comparados aos de meu pai, aprendo a cada dia o que é ser, sobretudo, filha. Aprendo diariamente o conforto de um lar, o aconchego de poder dizer todos os dias: "estou em casa" – isto é, eu pertenço a este lugar.
Aprendo também a ser mais tolerante e compreensiva; de criar uma empatia, na maioria das vezes em relação a meu próprio pai. Por ser mulher, garanto que é muito mais difícil tentar compreender as coisas nessa ótica masculina e paterna. Mas, assim, genuinamente e sem segredos, ele me ensina ao menos a tentar entendê-lo.
Pois no final, a maior lição que poderia haver nessa coexistência toda é que: eu sou o espelho de seu comportamento. O rol de críticas que dirijo a ele cabe, ao mesmo tempo, perfeitamente a mim. E cada dia eu o amo e o compreendo mais. Afinal, aprendo a me ver como eu sou: sua filha.

Isa Ueda

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