segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Egoísmo

Somos egoístas. A verdade é que somos egoístas. Não falo do egoísmo tosco "isso é meu, só meu". Falo de um outro egoísmo, aquele que escolhe uma área de domínio (e no qual diz influir) e se posiciona no centro. Não mais sábias foram as palavras de Protágoras, que exprimem muito bem essa ideia.
O homem é a medida de todas as coisas. Das que são enquanto são e das que não são enquanto não são.
Exemplo clássico é o da medida do tempo e do espaço (que levam à velocidade). Como temos o nosso tempo de vida-média, diferente de outros seres vivos, tudo é calculado conforme nossas perspectivas. Dois meses costumam ser pouco tempo para nós, levando em conta a possibilidade de se viver anos além disso. Mas dois meses é toda uma vida de muitos insetos. Da mesma forma, se para o homem, correr numa velocidade de 43,9km/h chega a ser um recorde, saber que um guepardo chega até 115 km/h nos deixa impressionados. "Como é rápido!" Rápido pra quem? Para nós, homens.
Até aqui tudo bem. Deu pra entender a primeira parte da famosa máxima. Mas... e o restante?
Bom, na verdade, já caminhei uma parte da segunda frase. As coisas "que são enquanto são" consistem exatamente nessa ideia de que somos nós quem definimos quais medidas nos convém. E nada vai além disso. Mas as "que não são enquanto não são" ficam no plano do que homem não é capaz de atingir ou imaginar. É como medir o infinito. Isso transcende nossa capacidade. Enquanto isso, o infinito, é apenas o infinito, porque é assim que conseguimos explicá-lo. Parte da ideia de infinito ficaria no "é enquanto é", a outra parte, intangível, fica para o "não é enquanto não é". E o egoísmo continua.

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