domingo, 20 de junho de 2010

Para a alma...

Sem dúvida, cada aula de espanhol pelas manhãs de sábado tem sido um mergulho dentro de mim mesma. Como o curso está voltado para conversação, expor as próprias ideias seria muito natural. Ocorre que, quando se expõe uma ideia, quando se compartilha um ideia, ela não mais pertence apenas a quem a emitiu. E foi por isso que este post surgiu. Não venho aqui falar da minha própria ideia no último encontro de sábado, mas de um senhor que é meu colega de classe.
Você que talvez seja mais acostumado com estes livros para exames de proficiência sabe que há páginas e páginas com figuras, fotos e frases, pedindo para serem descritas ou usadas como um tema para uma explanação. Pois bem, tanto eu quanto o senhor escolhemos a mesma frase, "Libros para el alma". Eu comecei a falar dos livros que me marcaram e o porquê. Quando terminei, passei a escutar o meu colega, com muito mais experiência de vida e conhecimento que eu. Gostei muito do que ele disse. E, se me perdoem, vou tornar, por ora, as palavras dele minhas aqui, para que eu possa melhor manuseá-las e até apresentar a ideia da forma que eu a compreendi.
Quem gosta de ler, está sempre lendo alguma coisa. De modo que, por mais marcante que o livro seja, e que enquanto estamos lendo pensamos "este livro é inesquecível!", esquecemo-nos, com o tempo, muitos detalhes, e por que não, a própria história. Mas eu acredito que todos os livros são para a alma. E mesmo que a gente não se lembre exatamente do que se tratava tal livro, tenho certeza que, de alguma forma, está bem guardado no nosso íntimo.
É verdade. Eu não poderia concordar mais com ele quanto a isso. Eu tenho muita dificuldade para lembrar as histórias de todos os livros que leio, embora sempre haja um ou outro trecho que me marque para o resto de minha vida. Mas detalhes da história? Perdão, eu não me lembro, assim, só na tentativa de um resgate pela memória. Mas talvez, creio eu, num determinado momento de nossa vida, a volta da lembrança ocorra naturalmente, porque determinada situação a chama, delicadamente, sem sequer notarmos. Por vezes, surge até um leve sorriso nos lábios, porque lembramos de algo muito bonito do qual havíamos nos esquecido.
Memórias, memórias, memórias. Cada um leva dentro de si incontáveis dela. Mesmo na vida, podemos não lembrar de todos os bons momentos, mas certamente, nosso coração, por assim dizer, tem um espaço reservado para cada um deles. E não duvido que volte a bater com um pouco mais de força, se revivermos alguns deles só pelo pensamento, pela memória.
Quem gosta de partilhar suas memórias, fica a dica do It Happened Here, onde é possível compartilhar suas memórias com o mundo todo. Até pensei em registrar uma muito importante para mim, mas achei que isso fosse estragar o sabor que ela tem cada vez que eu a invoco nos meus pensamentos.


sexta-feira, 11 de junho de 2010

O que é a vida?

Eu ando meio sem tempo para postagens do calibre de outrora (não que eu os considerasse verdadeiramente bons, mas ao menos eu me dedicava em expô-los com mais tempo e emitindo mais minha opinião), no entanto, embora curta, gostaria de dividir com vocês, leitores, uma definição que achei interessante. Miguel Reale, ao explanar em sua obra Filosofia do Direito sobre a Teoria dos Objetos, acaba em dado momento falando sobre o valor como objeto. Esqueça se você não é grande fã de divagações ou da Filosofia, eu encurto a história (e que me perdoem os filósofos e jusfilósofos de plantão) com a própria frase de Reale: "Viver é tomar posição perante valores e integrá-los em nosso "mundo", aperfeiçoando nossa personalidade na medida em que damos valor às coisas, aos outros homens e a nós mesmos".
Eu acredito que é bem por aí mesmo. Tenho certeza que nem eu e nem você podemos chegar numa verdade sobre o que é a vida e porque vivemos (e etc, etc, etc.), embora esse tipo de questionamento sempre nos seja acometido em algum ponto de nossa vida. Mas, sabendo ou não para quê ela serve, ou por que estamos aqui, o fato é que ao vivermos, nos apegamos a certas coisas. Construímos ou adotamos certos valores para formação de nossa personalidade. E viver talvez não seja muito mais do que isso. Um agregado de valores pessoais. Uma escolha subjetiva que reflete quem somos, porque somos e para onde vamos com nosso modo de ser.
Eu, por exemplo, posso fazer algumas reduções sobre minha pessoa, dizendo que tenho como valores a família, o amor, e blablablá. Isso talvez me traduziria numa pessoa tradicional, romântica e mais blablablá. O fato é que essa redução não é necessária. Na minha concepção, enquanto vivo, estou a todo momento tomando decisões, automaticamente seguindo minhas crenças, minhas convicções, pois este é o meu mundo, e não o de outra pessoa. Importa que eu esteja me tornando cada vez mais eu, mesmo que para isso por vezes eu tenha que atribuir um valor a outrem ou a algo. Essas entidades alheias a mim o são como eu vejo para mim, e não fora de mim (claro que não posso sair generalizando... mas fica para próxima, ok?).
Enfim. Viver é valorar. Mas cada um vive a própria vida e a valora como bem lhe cabe. É por isso que somos diferentes, é por isso que ora nos entendemos, e tão facilmente nos desentendemos. É por isso que nos respeitamos, e ora desprezamos. É por isso que ora é simples amar, e outras vezes o amor fala uma linguagem diferente. Porque cada um constrói sua própria identidade, seu mundo. De tudo isso, só posso concluir: sou cada dia que vivo mais eu sob meu eu concebido. E os outros... ah, os outros são cada vez menos eu para eles próprios, e mais eles para si próprios (risos).