sexta-feira, 10 de junho de 2011

Que tipo de pessoa você quer ser?

Como assim que tipo de pessoa eu quero ser? Já não SOU eu mesma eu? Tudo bem. Claro que tanto eu quanto você já somos nós mesmos, por assim dizer.
Mas antes daquele papo velho e desgastado de que é bobagem querer ser outra pessoa, já me adianto - sim, é uma bobagem querer ser como fulano ou beltrano. Mas não vejo nada demais em querer ser um outro você mesmo. Então novamente, eu pergunto: que tipo de pessoa você quer ser?
Um ali diria "bonito, rico, inteligente, simpático, querido". Ora. Quem não queria ser tudo isso? Ainda assim... esse tipo de personalidade não soa um tanto quanto superficial? Bonito. Tá. Bonito como? O que é ser bonito para você mesmo? E você acha que o que é bonito para você seria bonito para todos? E por aí poderíamos divagar. Paro por aqui, porém.
A verdade é que, você pode até tentar se definir como uma pessoa X, descrevendo todo o conjunto de qualidades existentes em sua personalidade, mas, acredite, isso não é tudo. Você não poderia, aliás, aceitar que é apenas uma pessoa que possa ser descrita em poucas linhas. Jamais. E por que não? Porque mudamos, simplesmente. Claro, mantemos aquela essência, mas mudamos. Constantemente.
Não só estava correto Raul Seixas quando cantarolava "Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo", mas também todas as interpretações infinitas que se pode fazer do filme "Cópia Fiel" (de Abbas Kiarostami). Particularmente, encantaram-me as palavras finais de Luiz Zanin, "Somos também essa sucessão interminável de cópias de nós mesmos, tentando, desesperadamente, parecer-nos com um original que tampouco sabemos se existe." 
Embora eu não pretenda adentrar o filme, mas apenas deixar aqui como sugestão, é bem possível enxergar o significado dessas palavras. Penso eu também que somos sempre cópias sucessivas de nós mesmos. Ainda quando desejamos copiar uma terceira pessoa, a essência não nos deixa, no fundo, ser outra pessoa
Eu quero, portanto, ser o tipo de pessoa que é aquela cópia não necessariamente perfeita de um antigo eu, mas uma que eu mesma possa vir a me surpreender na cadeia sucessiva de minhas transformações. Não que esteja insatisfeita agora. Mas eu sei que vou mudar cada vez um pouco mais. É como se eu me sentisse o rio de Heráclito. 
Bonita, rica, inteligente, simpática, querida. Tudo bem. Mas esses ideais também se alteram com o tempo. É por isso que não é tão simples dizer quem somos ou o que queremos ser. Posso ser um hoje e outro amanhã. 
No momento, eis o que posso dizer: sou uma aspirante a uma cópia futura minha desconhecida, que sei que irá me apetecer. Que fique claro, porém, que isso não é nem nunca será tudo que se possa dizer de mim.


Com certeza a vida tem muitas perspectivas.

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