sábado, 30 de junho de 2012

Mistério

Nem sei direito por que, mas ele me adora
E lá fora, tem lugar p'ra tanta gente como eu...
Mas uma voz silenciosa me diz:
"Ah, não tem, não". 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Cosmic Tony

Créditos BBC News

Cosmic Tony é uma figura interessante. Criado por Nick Hornby em seu livro "A long way down", que narra  o encontro de 4 pessoas cujo único vínculo subjetivo se deu em razão de estarem no mesmo dia e no mesmo lugar (no topo de um prédio) com a intenção de se suicidarem.
Num encontro nada casual como este pode haver vários desfechos. É claro que, estendendo a conversa e ninguém pulando do prédio, é possível que aos poucos os personagens cheguem a conhecer um ao outro um pouco melhor. Tudo bem, é um "conhecimento" superficial. Mas ainda assim real. Afinal, quando se descobre que a pessoa tinha a intenção de se matar, já se sabe muita coisa a respeito dela.
Uma das personagens, bastante religiosa, numa dessas conversas estendidas, acaba sendo questionada por outro (e aqui eu estou parafraseando o diálogo dos dois com minhas palavras e minha vaga memória):
"Se você pudesse fazer um trato com Deus. Ele dissesse, ok, gostamos muito de você, mas gostaríamos que ficasse na Terra. O que podemos fazer para persuadi-la?"
Ao que ela responde:
"Deus? Se ele em Sua infinita sabedoria em Pessoa dissesse para eu ficar, não precisaria haver nenhum motivo. Eu simplesmente ficaria".
Ele, percebendo que não progrediria muito na conversa se mantivesse Deus metido na história, reformula sua pergunta:
"Ok, não Deus. Digamos, um presidente cósmico, ou primeiro ministro. Tony Blair, alguém que pudesse ajeitar as coisas. Você não pode fazer o que Tony Blair lhe disser, sem pedir nada em troca. E então, o que seria?"
"Ele pode curar Matty?"
"Não, ele só pode ajeitar as coisas".
"Eu gostaria de férias".
"Por Deus, você é uma barganha! Você escolheria viver pelo resto da sua vida por uma semana de férias na Flórida?"
"Faz 19 anos que não tiro férias".
Conversa vai, conversa vem, ele continua:
"Ok. Como seu empresário, eu vou pedir ao Cara que lhe dê férias por um ano. Talvez dois".
"Você não pode fazer isso!" - e então ela viu como estava levando todo aquele papo muito a sério e que um ano era demais.
"Confie em mim. Eu conheço o mercado. Cosmic Tony não vai achar que está pedindo muito. E quê mais?" 
Cosmic Tony. Quem não gostaria de se deparar com um desse tipo e ter as coisas resolvidas? (Levando em conta que Tony ainda estivesse no poder, rs).
E não digo assim para situações extremas como as dos personagens. Para pequenas coisas da vida mesmo.
Eu, sem sair dos limites da ética e da moral, pediria uma bolsa integral de estudos no melhor curso preparatório para concursos públicos. O resto eu faria por minha conta.
E você, o que pediria?

sábado, 16 de junho de 2012

Sensações

Outro dia um amigo recordou-me de uma certa "fobia" minha. Não vou aqui revelá-la. Que isso fique reservado àqueles que tiverem a oportunidade de preencher um espaço e um tempo mais longo de suas vidas do que a curta duração da leitura vertical deste post.
Mas essa sensação de pânico, que nunca consegui descrever muito bem ao certo, que me fez já tirar risadas alheias, que eu também nunca soube se riram da incômoda sensação de incompreensão ou se por me acharem maluca mesmo, ah, essa sensação inextricável de não sair do meu psicológico para que os outros pudessem entender, ela se dissipou.
Eu lia Borges. E ele soube explicá-la. Não só por mim, mas por diversas outras pessoas.
Eis aqui: 
Desde aquele instante, senti ao meu redor e em meu corpo obscuro uma invisível, intangível pululação. Não a pululação dos exércitos divergentes, paralelos e afinal coalescentes, mas uma agitação mais inacessível, mais íntima, e que eles de algum modo prefiguravam. 
Outro trecho: 
Voltei a sentir aquela pululação de que falei. Pareceu-me que o úmido jardim que rodeava a casa estava saturado até o infinito de pessoas invisíveis. Essas pessoas eram Albert e eu, secretos, atarefados e multiformes noutras dimensões de tempo. 

Pois é. Talvez meu pavor derive desta sensação de muitos tempos (ou dimensões) em que o hoje impossível fosse outrora possível. E isso me assusta. 

------------------
Trechos extraídos do conto O jardim de veredas que se bifurcam.


quinta-feira, 14 de junho de 2012

"Pequeno selo"

Recebi meu primeiro "pequeno selo", na terminologia usada por Henkel Candy (vamos respeitar, rs).


Bom, então, respondendo às perguntas pra fazer jus ao selo.

Qual a quantidade de livros comprados/ganhados não lidos que você tem atualmente?
R: Estou com 2 livros sem terminar de ler que comprei (de 3) e 2 que peguei emprestado (de 2 mesmo - que vergonha). Daí tem os "e-books", que tenho que ler, que são 10. Sim... 10, só Deus sabe quando eles serão lidos. 

Como ou por que motivo você chegou a essa quantidade?
R: Porque apesar de gostar de ler, estou privilegiando a leitura de apostilas de concursos e sinopses jurídicas...
É um bom motivo, né?

Você se controla para não comprar muito (e aumentar o tamanho da fila), ou não se importa com isso e compra quando tem oportunidade/dinheiro/vontade?
R: Acho que me controlo no sentido de não comprar mesmo se tiver morrendo de vontade mas estar meio sem verbas, rs. Mas realmente não ligo de aumentar a pilha.


Nos últimos meses, a sua fila está tendendo a aumentar ou diminuir?
R: Ah, eu espero sinceramente que ela só aumente, mas não por estarem muito tempo parados, mas por querer ler mais e mais e mais...


Quantos livros em média você compra/ganha por mês?
R: Como é para fazer uma média, deve dar um a cada 2 meses (já foi mais, mas era porque eu costumava ganhar). Tem mês que compro 4 e depois fico meses sem comprar nada, por exemplo. Depende muito. Ir para São Paulo sempre me anima a comprar livros. Mas ainda prefiro ganhar rs.

O link do blog que te enviou o Meme/Selinho:
R: http://www.surtando-na-rede.blogspot.com.br

Por fim:
A Lia quer saber das suas respostas.
Deixe um comentário no post do blog Verbo: Ler, avisando que respondeu o meme, com o link pro seu post. 

Repasse para 5 ou mais blogs:

Apesar de que alguns andam meio parados, envio para:

Não tenho mais a quem mandar... :(

terça-feira, 12 de junho de 2012

Tudo no amor: um termo restringente

"Você é tudo pra mim".
Clássica? Pode ser, mas haja maturidade para entender o significado dessas palavras!
Não creio que exista mentira nessa frase, ainda que se alegue o romantismo no seu sentido mais sonhador.
Dizer "tudo" é uma forma bastante sintética (e aceitável) de dizer que somente coisas boas vêm à mente quando se pensa na pessoa, quando se está ao lado da pessoa querida. E que, do contrário, isso não ocorrendo, é simplesmente admitir não que sem ela a vida cessa, mas que a angústia e a tristeza serão ferozes, que a dor será por demais grande, e não se tem medo de confessar isso.
É simples assim. Mas sem perder o romantismo, agora, no seu sentido mais poético de ser.
Casos similares? "Penso em você o tempo todo".
E então? Já entendeu o verdadeiro significado disso?
Seu coração sim.

Feliz dia dos namorados, casais. 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Sinestesia


Há algo de sinestésico correndo pelo ar. Já não se pode dizer se é o cheiro de erva doce que em nada apetece ou se é a claridade das páginas digitais que cansam os olhos como cansa os ouvidos o muito escutar.
Erva doce sempre trouxe uma lembrança de decepção. É uma imagem que lhe cai bem. Quando se comia jujuba na infância pela primeira vez, e aquele feijãozinho azul despertava a curiosidade da criançada. Ah! Desde aquela experiência, erva doce carrega consigo um desencanto, quase um sentimento de traição. E ninguém mais quer comer a jujuba azul. Uns insistem, talvez, em colocar erva doce em broas e bolos de fubá, mesmo hoje, já adultos e cientes do pequeno desgosto, para resgatar a infância, quem sabe. Não a infância em si, com suas alegrias, mas uma época específica dela, quando se começa a perder a inocência, quando se começa, feito Alice e seu mundo das maravilhas, a cair numa outra realidade, na realidade em que se desiludir faz parte do jogo. Tudo bem, prossegue-se a vida sem maiores dramas.
Mesmo caso com as páginas digitais. E-books são práticos e neoconceituais - se em alguma fase da vida o leitor já fez uso de enciclopédias Barsa para pesquisar os mais variados temas. Adapta-se bem àquilo que é cômodo, embora novas ferramentas sempre despertem novos problemas. E existe hoje a vista cansada de muito se colocar diante da tela de um monitor. Mas, sem maiores dramas, a vida também prossegue.
Mas a sinestesia continua.
Em algum canto da alma, um silêncio grita, retumba e ensurdece tudo ao seu redor, e ainda assim não se faz escutar. O drama não é passar da infância à idade adulta. O drama é tornar-se um adulto sem espaço para sua infância. E, por isso, ela protesta, por todos os sentidos possíveis.
Nada de jujubas azuis, por favor!