segunda-feira, 22 de abril de 2013

Aprendizado

Estudar tem lá seus méritos. Mas eu estou mais vivendo uma fase um tanto quanto frustrante. Hoje tive uma aula excelente - infelizmente, não apreciada por meus colegas de classe, já que estava sozinha na sala. Não é a essa frustração que me referi, porém. A frustração veio de um longo processo de altos e baixos chamado nada mais, nada menos que VIVER. Sim, isso que todo mundo faz de passagem aqui pela Terra. 
Não seria exagerado, mas talvez um pouco lugar comum, dizer que cada um vive à sua maneira. A minha é, por assim dizer, desprovida interpoladamente de grandes emoções. Tudo bem, eu amo a vida e me considero uma pessoa feliz. Não sou daquelas que contagia o ambiente de alegria, mas carrego comigo o espírito do "it's a long way to the top, if you wanna rock'n'roll". Não literalmente, claro. E obviamente, não de modo visível. Mas que importa o que os outros pensam, certo? Eu tenho minhas metas, e sei como devo fazer para alcançá-las.Também tenho lá minhas histórias vividas a serem contadas. Falta talvez um pouco de entusiasmo ou oportunidade. O que for esquecido primeiro. 
A verdade é que, muito embora eu faça uma viagem ou outra bacana ao longo do ano, tenha um namorado de não botar defeito algum, uma família que me ama e um gosto musical cujo repertório me permita ir de marcha fúnebre a beauty queen of the night, estudar é uma atividade frustrante. E é isso que tem resumido boa parte dos meus dias: estudo. 
Tudo bem, sou ciente de que há estudos maravilhosos. Eu mesma estava a elogiar a aula (Teoria Geral dos Princípios-Hermenêutica e Direito Constitucional Aplicado! Chique!). Sim, e é exatamente esse o problema. A aula foi maravilhosa. Mas o que dela eu vou levar para a vida? Com certeza muita coisa boa, que poderá muito bem ser esquecida daqui uma semana, porque estarei muito ocupada estudando assuntos que não me levariam a lugar nenhum, se não fossem o caminho para a almejada carreira pública. Mas a aula maravilhosa, bom, ela não vai ser objeto de nenhuma questão nos meus concursos. E o oblivion tomará conta. 
Então, para não deixar isso morrer, pelo menos não totalmente (pois não garanto a sucumbência em minha memória independente de registros) que fique aqui dito: hoje, 22 de abril de 2013, eu aprendi sobretudo que aprender é a arte do desaprender. A aula que tive hoje me obrigou a colocar de lado conceitos que eu tinha já tão bem acomodados em minha cabeça, para ceder lugar a uma nova perspectiva. Uma perspectiva crítica. Colocar de lado não é o mesmo que deletar. Na verdade, o mais interessante da aula foi ele partir da visão equivocada que temos de conceitos amplamente utilizados para construir sua crítica. É tão legal você ir acompanhando a aula, concordando com tudo o que o professor diz porque sempre estudou aquilo daquela forma, até que você fique plenamente satisfeito por ter feito direitinho a lição de casa, para então ele dizer "pois é, MAS isso não é verdade". E aí a casa cai. Ok, isso não é legal. Legal é ele questionar e fazer você se autoquestionar tudo o que achava que sabia. Legal é ele ir fornecendo elementos para sanar as dúvidas infindáveis que foram surgindo, até que se possa novamente construir um novo conceito e se tenha uma nova visão. Agora, mais crítica, mais ampla, e infelizmente, mais ignorável nas circunscrições em que devo utilizar dos meus conhecimentos.
Que o aprendizado de hoje, portanto, sirva para a montanha-russa da vida. Porque eu sei que ela não é a letra B no gabarito da minha futura prova. Mas, ah, que eu sinto que amadureci, isso sim. E isso deve bastar, em algum lugar menos efêmero. 

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