segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Lugar-comum

Não tem problema ser cliché o nosso amor.
A percepções alheias, é o que sempre será.
A ideia que dele fazem pouco importa:
mãos dadas, cafuné, jantares, sorvete e cinema -
comum a casal qualquer - isso sequer é amor.
Desiludidos: "a velha história de amor sem fim".
E repetem, ao ver todo par de gente, virando os olhos,
quiçá com repulsas; como se algo soubessem...
O fácil descuido de pensar que amor se compara.
Nosso amor é aquilo que nasce a partir dele.
Não falo das fotografias, das mensagens,
das piadas internas ou objetos que o coisificam.
São, antes, o pensamento não estampado na imagem;
o coração vibrando ao ler qualquer demonstração de afeto;
o sentimento de alegria inigualável
de se ter toda uma narrativa partilhada passível do cômico.
São as melodias vindas e vindouras,
simplesmente porque a canção lembra o outro.
Ou se cantadas, as músicas perdendo o ritmo,
pouco a pouco, em verdadeiro rallentando. 
Culpa do beijo. Embora, confesse: trajetória previsível
quando os lábios se põem a entoar
(cantar é pedir um beijo, sem pedir de verdade).
Quero, deveras, que nosso amor seja um "lugar-comum",
mas como metáfora do espaço ideal de conforto
que encontramos um nos braços do outro.




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